Folha de S. Paulo


Cardozo deve explicar encontros com advogados, decide Comissão de Ética

A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu nesta quarta (25) pedir informações ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre os encontros que ele teve neste mês com advogados de empreiteiras acusadas na ação gerada pela Operação Lava Jato.

A decisão da comissão foi uma reação a uma representação feita pela liderança do PPS.

Depois de ouvir as explicações, a comissão pode arquivar o procedimento, se a versão de Cardozo convencer o colegiado, ou abrir um procedimento. No máximo, podem recomendar a demissão de Cardozo.

O ministro se colocou à disposição para dar explicações à Comissão de Ética sobre seus encontros com advogados de empresas envolvidas na Operação Lava Jato.

No entanto, voltou a argumentar que não cometeu nenhuma ilegalidade. "Posso dizer que meu comportamento foi absolutamente legal, absolutamente ético, portanto não tenho nada a esconder".

Cardozo assume ter encontrado dois defensores das empresas. Ela afirma, contudo, que apenas com um deles –da Odebrechet– conversou sobre a operação, após "representação formal" e, mesmo assim, não falou em reviravolta. Com o outro, da UTC, ele diz ter tido uma conversa de 3 minutos, sem citar a Lava Jato.

O ministro defende a legalidade dos encontros –que foram, no entanto, criticados por oposicionistas.

Já o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa pediu, pelo Twitter, a demissão de Cardozo.

Alan Marques/Folhapress
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo

A comissão também informou sobre o andamento de procedimentos relativos a outros dois personagens do escândalo gerado pela Lava Jato.

Sobre o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o colegiado informou que está analisando documentos que a estatal enviou sobre ele.

Sobre Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras, a comissão solicitou informações ao juiz Sérgio Moro, que comanda o processo penal criado pela Lava Jato. Não houve resposta do magistrado até agora.


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