Folha de S. Paulo


Protesto de professores e servidores reúne 10 mil pessoas em Curitiba

Cerca de dez mil pessoas, segundo a Polícia Militar, foram às ruas de Curitiba na manhã desta quarta (25) em nova manifestação de professores e servidores da rede estadual de ensino, em greve há 17 dias.

A marcha foi organizada pelo APP Sindicato, que representa os docentes estaduais, e antecedeu a terceira reunião de negociações entre servidores e o governo estadual, iniciada às 10h.

Pela manhã, os professores tomaram as ruas do centro de Curitiba, e seguiram numa passeata até o Palácio Iguaçu, sede do governo de Beto Richa (PSDB). No caminho, eram aplaudidos por pedestres, que tiravam fotos da manifestação. Moradores dos prédios ao redor acenavam das janelas e agitavam bandeiras em sinal de apoio.

Muitos professores seguravam faixas que diziam "Apoio à educação pública" e "Richa, cadê o meu dinheiro?". Um outro grupo carregava um caixão preto, com as inscrições "Aqui jaz a educação", e cruzes de madeira com os nomes dos deputados da base de apoio a Richa.

À frente da passeata, membros da APP Sindicato coletavam moedas de 5 e 10 centavos que iriam deixar em frente à sede do governo, "para ver se agora eles têm condições de pagar o que devem".

"A gente não tem dinheiro pra nada, nem para papel higiênico", diz a professora Simone Cit, 47, que dá aulas na Unespar (Universidade Estadual do Paraná), em Curitiba.

Os trabalhadores já se reuniram duas vezes com o governo para buscar um acordo, sem sucesso. Por causa da greve, nenhuma das 2.100 escolas públicas do Paraná iniciou o ano letivo no início de fevereiro.

O sindicato afirma que conseguiu alguns avanços nas primeiras reuniões com o governo, mas enumerou outros itens ainda em discussão, como pagamento de benefícios atrasados, nomeação de concursados, nova distribuição de aulas e liberação de programas pendentes.

O Paraná passa por uma grave crise financeira há dois anos, o que tem forçado o Estado a suspender obras, atrasar pagamentos e parcelar salários.

Reeleito no ano passado, Richa gastou num ritmo maior do que arrecadou em seu primeiro mandato. Hoje, a dívida do Estado com fornecedores é de R$ 1,2 bilhão.

Neste ano, o governo teve que aumentar impostos e congelar um quarto do orçamento. Em janeiro, outros poderes abriram mão de verbas em prol do Executivo, e até o salário do governador e dos secretários foi cortado, a fim de garantir o pagamento do funcionalismo.

O secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, tem monitorado as despesas do Estado diariamente, e já declarou estar "contando os centavos" para dar conta de tudo.


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