Folha de S. Paulo


Foragido da Operação Lava Jato se entrega em Curitiba

Mario Goes, apontado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco como um dos "operadores" do pagamento de propina no esquema da estatal, se entregou à Polícia Federal neste domingo (7).

Ele se apresentou em Curitiba às 11h40, acompanhado de um advogado. A Folha não conseguiu fazer contato com seu defensor.

Goes teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal na nona fase da Operação Lava Jato, chamada My Way, deflagrada na última quinta-feira (5). Desde então, era considerado foragido.

Em seu acordo de delação premiada, Barusco disse que Goes era um dos "operadores" de empreiteiras que acertavam pagamentos e entregavam dinheiro de propinas para executivos da Petrobras.

Barusco foi gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, ocupada por Renato Duque, que usava o cargo para levantar recursos para o PT, de acordo com investigadores da Lava Jato.

O ex-gerente contou nos depoimentos que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, atuava diretamente no esquema de arrecadação da estatal.

O PT nega ter recebido contribuições ilegais.

Para escapar da prisão, Barusco relatou crimes que praticou e se comprometeu a devolver US$ 97 milhões que recebeu de suborno.

O ex-gerente relatou na mesma série de depoimentos que o esquema da Petrobras rendera ao PT entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013.

Ainda segundo Barusco, o operador que se entregou neste domingo tinha duas contas no Banco Safra na Suíça, que usava para fazer pagamento de suborno.

Goes, segundo os depoimentos de Barusco, atuava em nome das empresas UTC, MPE, OAS, Mendes Júnior, Andrade Gutierrez, Schahin, Carioca e Bueno Engenharia.

Barusco e Goes eram tão próximos, segundo o depoimento do ex-gerente da estatal, que chegaram a ter sociedade num avião, comprado por US$ 600 mil.

Barusco contou que Goes lhe entregava "umas mochilas com alguns valores", que oscilavam de R$ 300 mil a R$ 400 mil, normalmente na casa do operador, no Rio.

Planilha entregue por Barusco à PF com 89 dos maiores contratos da Petrobras e as respectivas propinas cita o nome de Goes como intermediador de suborno em 26 contratos da Petrobras.


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