Folha de S. Paulo


Popularidade de Dilma caiu após mentiras na eleição, diz oposição

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado nas últimas eleições presidenciais, disse que a queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff é um reflexo das "mentiras sucessivas" que lançou durante a campanha que a reconduziu ao governo.

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (7), a rejeição a Dilma disparou. Em dezembro passado, Dilma tinha 42% de ótimo/bom e 24% de ruim/péssimo. Agora, marca respectivamente 23% e 44%.

As promessas de campanha e as primeiras medidas tomadas no início do segundo mandato também são apontadas por outros líderes da oposição como o motivo da inversão na avaliação do governo Dilma, que em dezembro passado tinha 42% de ótimo/bom e 24% de ruim/péssimo e agora marca respectivamente 23% e 44%.

Editoria de Arte/Folhapress/Tableau

GOVERNO

Procurado pela Folha, o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) não quis comentar o resultado da pesquisa. O Palácio do Planalto também não se manifestou.

Para o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC), uma queda na popularidade da presidente era esperada pelo partido depois de uma campanha eleitoral "sórdida", em que Dilma foi muito "exposta" e "duramente agredida".

"O PT admite que foi o pior nível da disputa, os candidatos foram muito desrespeitosos, isso influencia muito", afirmou.

Machado argumenta que os meses depois das eleições conservaram o mesmo clima acirrado de disputa política, com temas difíceis a serem enfrentados, como rombo nas contas públicas e questionamento sobre as contas da campanha da presidente.

"O governo inicia seus primeiros dias com todo esse arcabouço de dificuldades, de problemas. É natural que neste momento um setor mais forte da sociedade entenda que o que está sendo dito pela oposição pode ser verdade."

O deputado defende que a presidente adote um tom mais "carinhoso" com o Congresso para estabelecer uma nova relação com o Legislativo, num ano de pautas difíceis e fogo amigo. "Começa com um 'bom dia', com um sorriso", disse, citando o jeito "cortês" do presidente Lula como exemplo a ser seguido.

Editoria de Arte/Folhapress

ARTIFÍCIOS

Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), os brasileiros estão revoltados com o "estelionato eleitoral cometido pela presidente Dilma". Segundo ele, "mentiras" e "ilusões vendidas por seu marqueteiro" levaram ao alto índice de rejeição de seu governo.

"A presidente usou artifícios espúrios para iludir brasileiros por meio da farsa montada por seu marqueteiro João Santana. O Brasil está revoltado com o estelionato eleitoral cometido por Dilma, que na campanha acusou seu adversários do que ela mesmo planejava fazer", disse.

Para Caiado, a administração de Dilma "caminha para um processo de ingovernabilidade".

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que foi vice na chapa de Aécio nas eleições passadas, disse que "o povo percebeu que foi logrado" por Dilma.

Para o senador, a situação se mostra tão crítica que a presidente não "teve direito sequer ao período de lua de mel com o eleitor, foi direito do casamento para o divórcio".

Ele ainda comentou que a posição dos eleitores se reflete no Congresso. "Não vejo um só parlamentar entusiasmado com Dilma. Até no PT parece que só querem esperar e se segurar para tentar acabar o governo e esperar que um salvador da pátria apareça em 2018".

Questionado sobre a queda de 10 pontos na avaliação positiva do governo Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, o senador disse acreditar que, diante da crise de água vivida pelo Estado, os números são razoáveis. "Ele está dentro da margem de tolerância para um governo que enfrenta crise de água", disse.

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, afirmou que os desvios da Petrobras geraram uma crise política "sem dimensão" que, juntamente com a crise econômica, afetaram em cheio a imagem da presidente Dilma. "Tudo isso é muito preocupante. O clima que geraram todas essas questões econômicas, da crise energética, crise de abastecimento de água, isso vai refletir na questão do emprego na sequência, o que vai criar uma expectativa muito ruim, que a gente está muito atento."

Segundo ele, não há clima para alimentar um movimento contrário à presidente Dilma e o partido não colocará "gravetos na fogueira".


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