Folha de S. Paulo


Nova testemunha da Lava Jato diz que propina era discutida em prostíbulos

Uma das testemunhas da nova fase da Operação Lava Jato, que era funcionária da empresa Arxo Industrial, afirmou ao Ministério Público Federal que o fornecimento exclusivo de tanques para a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, foi obtido pela empresa mediante o pagamento de propinas.

Ela disse ainda que um avião da Arxo foi usado para buscar empregados da BR Distribuidora no Rio de Janeiro "para passear" e que eles eram levados para "boates e prostíbulos", onde eram discutidos negócios da empresa e o pagamento de propinas.

A Arxo foi um dos principais alvos desta nona fase da Lava Jato, que se concentrou no pagamento de propinas à BR Distribuidora e identificou novos operadores que atuam junto à Petrobras. Três de seus diretores foram presos temporariamente na quinta (5): João Gualberto Pereira Neto, Gilson João Pereira e Sérgio Ambrósio Marçaneiro.

A testemunha disse ao Ministério Público que constatou um saque de R$ 7 milhões do caixa da empresa para "pagamentos suspeitos" e que o operador Mário Frederico Mendonça Goes recebia 5% a 10% dos contratos da Arxo com a BR Distribuidora, para pagar propinas. A testemunha afirmou ainda que Goes tinha informações privilegiadas da Petrobras e as repassava à empresa Arxo.

Segundo o Ministério Público Federal, Goes "atuou como operador financeiro em nome de várias empresas e/ou consórcios de empresas contratadas pela Petrobras" e tratava do pagamento de propinas. A Justiça Federal expediu um mandado de prisão preventiva contra ele.

De acordo com o Ministério Público, a testemunha apontou um dos sócios da Arxo, Gilson João Pereira, como o responsável por organizar os encontros em casas de prostituição com os funcionários da BR.

A testemunha relatou à Procuradoria ter sido ameaçada de morte e, por isso, a Folha não publicou seu nome.

Procurado, o advogado Charles Zimmermann, da Arxo, afirmou que a ex-funcionária ouvida pelo Ministério Público estava desviando dinheiro da empresa e que por isso foi demitida. Disse que o avião da empresa só era usado por seus funcionários, para visitar clientes e filiais. Afirmou ainda que nunca houve pagamento de propinas e que a maioria dos contratos vencidos pela empresa eram por pregão eletrônico.

A assessoria de imprensa da BR Distribuidora informou que está encaminhando aos responsáveis pelas investigações os documentos referentes à relação comercial com a Arxo.

Na quinta (5), a BR Distribuidora declarou que "não foi comunicada oficialmente por qualquer autoridade ligada à Operação Lava Jato sobre as informações divulgadas pela imprensa".


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