Folha de S. Paulo


Conselho da Petrobras define nesta sexta nova diretoria da empresa

O Conselho de Administração da Petrobras se reúne na manhã desta sexta-feira (6) para escolher a nova diretoria da companhia.

Na quarta (4), a presidente da estatal, Graça Foster, e outros cinco conselheiros pediram demissão do cargo, após não aceitarem o cronograma definido por Dilma Rousseff para a mudança na direção da empresa. Dilma queria que eles ficassem até o fim do mês.

Restou a Graça informar Dilma de que já não tinha condições de controlar os demais colegas de diretoria e que a mudança teria que ser antecipada para esta sexta.

Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.

O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé."

Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.

O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção.

CONSELHO

O conselho de administração da petroleira é composto por dez pessoas e é presidido por Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda. Ele está no conselho por indicação do acionista controlador, ou seja, o Tesouro Nacional –portanto, o governo. Os demais membros são conselheiros.

Graça Foster também participa. Confira os membros e quem elegeu cada um para ocupar o cargo:

  • Guido Mantega, eleito pelo acionista controlador
  • Maria das Graças Silva Foster, eleita pelo acionista controlador
  • Luciano Galvão Coutinho, presidente do BNDES, eleito pelo acionista controlador
  • Francisco Roberto de Albuquerque, eleito pelo acionista controlador
  • Márcio Pereira Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, eleito pelo acionista controlador
  • Sérgio Franklin Quintella, eleito pelo acionista controlador
  • Miriam Aparecida Belchior, ex-ministra do Planejamento, eleita pelo acionista controlador
  • José Guimarães Monforte, eleito pelos acionistas preferencialistas
  • Mauro Gentile Rodrigues da Cunha, eleito pelos acionistas minoritários
  • Sílvio Sinedino Pinheiro, eleito pelos empregados
Editoria de Arte/Folhapress

NOMES

A troca na presidência da estatal só não ocorreu ainda por falta de um sucessor imediato a Graça Foster. Alguns dos cotados mostraram resistência em assumir o cargo antes da atual diretoria resolver os problemas do balanço financeiro da empresa.

O Palácio do Planalto procura um nome de fora da companhia, de preferência do mercado, que dê um choque de credibilidade à empresa, mas tem enfrentado dificuldades para encontrar um executivo que se disponha a assumir o controle da estatal em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história.

Segundo assessores presidenciais, há três linhas opostas dentro do governo: o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) defende a indicação do presidente da Vale, Murilo Ferreira.

Dilma admira o estilo discreto de Ferreira que, assim como ela, é mineiro. Os dois têm um amigo em comum, o chefe de gabinete de Dilma, Beto Vasconcelos.

Ferreira foi sondado para assumir a vaga. Inicialmente, segundo pessoas próximas, disse que não desejava ocupar o cargo pois via como indispensável sua atuação na Vale no momento em que o minério de ferro bate recordes de baixa e a empresa também enfrenta dificuldades.

Nesta quarta, no entanto, ele indicou que tende a aceitar, se for formalmente convidado por Dilma. Outro grupo no governo, liderado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defende um nome do mercado financeiro.

Entre os citados estão Paulo Leme, da Goldman Sachs, Henrique Meirelles e Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil.

Graça Foster defende um nome que já esteja no Conselho de Administração da estatal, como o de Luciano Coutinho (BNDES).

Nesta quarta, o presidente do BNDES esteve na sede da Petrobras, no Rio. Coutinho também é cotado para assumir a cadeira de presidente do Conselho, hoje ocupada por Guido Mantega.

O nome de Henrique Meirelles também conta com a simpatia do ex-presidente Lula. Mas Dilma tem resistências ao ex-presidente do Banco Central. Além disso, a amigos Meirelles teria manifestado que não tem interesse em assumir a estatal.

SOLUÇÃO INTERNA

Graça chegou a sugerir opções para as diretorias, mas elas nem chegaram a ser analisados pela presidente.

Outra ideia considerada nesta quarta, mas com menor força em relação às outras possibilidades, era manter o diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobras, João Elek, recém-empossado no cargo, como chefe interino caso um substituto definitivo não seja encontrado até sexta. Elek não participou do movimento de renúncia coletiva.


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