Folha de S. Paulo


Financiamento privado das eleições gera 1º embate entre Cunha e PT

Apesar dos sinais de reconciliação trocados entre o Planalto e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o PT entraram em atrito já no primeiro dia de votações.

Petistas e pequenas siglas de esquerda disseram nesta terça (3) que Cunha quer acelerar a votação da reforma política para evitar a proibição do financiamento privado das eleições, bandeira do PT.

Ele conseguiu aprovar requerimento que tira a reforma da gaveta. Será instalada nos próximos dias comissão especial sobre o tema, último passo antes da votação.

Segundo PT, PSOL e PC do B, Cunha e outros grandes partidos querem colocar na Constituição a previsão de que as empresas possam fazer doações aos candidatos.

O objetivo seria tentar evitar que o Supremo Tribunal Federal declare o financiamento inconstitucional. Em abril, a corte formou maioria pela proibição –6 de 11 votos–, mas o julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.

"O novo presidente é a favor da doação de empresas. E no primeiro dia pauta esse projeto? Querem empurrar goela abaixo essa emenda constitucional e chamá-la de reforma política?", criticou o Henrique Fontana (PT-RS), líder do governo até esta terça.

Os deputados acabaram fechando acordo para analisar todas as propostas que estão na Casa que tratam do tema.

Cunha negou intenção oculta e criticou o comportamento do PT. "Se todos queriam votar uma reforma política, qual o motivo de não dar andamento a uma proposta para discussão?" questionou.

Integrantes do PT e do PSOL disseram ainda que ele afirmou, em reunião com os líderes das bancadas, que o Congresso deveria acelerar a tramitação para aprovar o texto antes da decisão do STF.

Um outro embate entre Cunha e o PT foi sobre o projeto que torna obrigatória a liberação de verbas às emendas que congressistas incluem no Orçamento da União. Ele queria votá-lo já, mas o PT conseguiu adiar a análise.

NOVOS PARTIDOS

Cunha se aliou à oposição para tentar barrar articulação patrocinada pelo Planalto para diluir o peso do PMDB.

A ideia é aprovar até a próxima semana um projeto que dificulte fusões entre siglas.

O objetivo é minar plano do ministro Gilberto Kassab (Cidades). Cacique do PSD, ele atua para recriar o Partido Liberal. A intenção é inflar esse partido, que já nasceria governista, com deputados da oposição e do PMDB. As regras da fidelidade partidária permitem a migração para novas legendas sem o risco de cassação do mandato.

Criado o PL, a meta de Kassab seria fundi-lo ao PSD.

Pelo projeto capitaneado pelo DEM, apenas será permitida a fusão dos partidos após cinco anos de sua criação, o que jogaria por água abaixo as articulações de Kassab.


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