Folha de S. Paulo


Careca diz que seu trabalho era 'fazer segurança' do doleiro Youssef

O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como "Careca" –e que transportava dinheiro para Alberto Youssef–, afirmou que seu trabalho se resumia a fazer a "segurança pessoal" do doleiro.

A informação consta da defesa de Careca apresentada à Justiça Federal de Curitiba (PR) nesta sexta-feira (30), na ação penal que responde pela Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

A defesa argumenta que o policial pode "eventualmente ter entregue algum valor a mando de Youssef, assim como fez com vinhos ou outros documentos. Porém em todas as oportunidades tratava-se de envelopes lacrados, ao qual o denunciado sequer possuía conhecimento do que continha em seu interior."

Os advogados afirmam que a conduta de Oliveira Filho não era criminosa porque, ainda que tenha transportado dinheiro, ele o fez sem conhecimento do objeto transportado e sem imaginar para que fins se destinava.

"Não podemos perder de vista que Alberto Youssef era considerado, na época, empresário bem sucedido, assim como as pessoas com quem se relacionava, que consistiam em empresários ou políticos importantes no cenário nacional. Como se levantar suspeita da ilicitude de sua atividade profissional?", questionou a defesa do policial federal.

Segundo a petição, Oliveira Filho recebia entre R$ 1.000 a R$ 1.500 mensais para fazer a segurança de Youssef, dependendo do número de horas trabalhadas.

Em depoimento prestado anteriormente à Polícia Federal, em 18 de novembro passado, Oliveira Filho havia admitido que "às vezes sabia que era dinheiro, mas não sabia a quantidade que estava transportando".

Também em depoimento, ele afirmou que fez uma entrega de dinheiro para um endereço que, segundo Youssef lhe falou, seria do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha não mora na casa citada –que pertence a um homem ligado a Jorge Picciani, presidente do PMDB-RJ –e negou qualquer recebimento de dinheiro do esquema.


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