Folha de S. Paulo


Oposição retoma na próxima semana ofensiva por CPI da Petrobras

Os partidos de oposição vão retomar na semana que vem, quando o Congresso Nacional volta das férias, a ofensiva para tentar instalar uma nova CPI de deputados e senadores para investigar o escândalo de corrupção na Petrobras.

A ideia é pressionar o presidente do Senado –Renan Calheiros (PMDB-AL) é favorito para se reeleger no domingo para o cargo– a instalar a comissão logo após o Carnaval.

Integrantes da cúpula do PMDB disseram ser inevitável uma nova CPI. A oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) conta ainda com o apoio de dissidentes da base governista e de setores importantes do próprio PMDB, o maior partido aliado ao PT na coalizão de Dilma Rousseff.

O candidato peemedebista a presidir a Câmara, Eduardo Cunha (RJ), já manifestou que irá apoiar a instalação da nova CPI. No final do ano passado, os líderes da oposição já anunciavam que tentariam criar uma nova comissão.

O argumento era que a CPI mista em vigor até dezembro, controlada pelo governo, não foi a fundo nas questões mais importantes, como chegar aos políticos que receberam propina do esquema liderado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e o doleiro Alberto Youssef.

No dia 18 do mês passado, a CPI aprovou o relatório final do deputado Marco Maia (PT-RS). Ele pediu o indiciamento de 52 pessoas pelos crimes de participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, entre elas Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Desse total, 23 já eram réus em processos derivados da Lava Jato. A oposição não concordou com o relatório de Maia e ficou de formular um relatório paralelo, mas acabou não o apresentando.

ASSINATURAS

Os líderes das bancadas dos partidos de oposição pretendem fazer uma reunião nesta quinta-feira (29) para discutir a questão. Há assinaturas de apoio já recolhidas no final do ano passado que devem ser aproveitadas. Para a criação da comissão, é necessário o apoio de pelo menos 171 dos 513 deputados e 27 dos 81 senadores.

Apesar da mobilização, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, é contra uma nova CPI.

"Fazer outra CPI da Petrobras agora é entregar ao governo a oportunidade de empastelá-la de novo. Devemos dar é todo o poder ao Judiciário, ao Ministério Público e à Polícia Federal, que estão atuando de forma eficiente neste caso."

Outro ponto que pesa contra a CPI é a possibilidade de um número elevado de congressistas implicados no caso, o que elevaria a pressão interna contrária à investigação. A Procuradoria-Geral da República deve tornar esses nomes públicos em fevereiro.


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