Preocupado com a possibilidade de a oposição abandonar a candidatura de Júlio Delgado (PSB-MG) à presidência da Câmara, o candidato do PT ao comando da Casa, Arlindo Chinaglia (SP), deflagrou uma operação para garantir que a disputa tenha dois turnos.
Integrantes de todos os partidos que hoje apoiam Delgado passaram a pregar um desembarque em bloco da candidatura do pessebista em favor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Desafeto da presidente Dilma Rousseff, Cunha lidera as bolsas de apostas e trabalha para encerrar a eleição em um turno.
Chinaglia se comprometeu a entregar ao PV o comando de uma comissão, caso a sigla fique com Delgado no primeiro turno e o apoie no segundo. O desmonte da chapa pessebista é ruim para o PT, pois pode garantir a vitória de Eduardo Cunha.
Com a promessa, o petista se iguala a Cunha, que também ofereceu uma comissão da Casa à sigla, para atraí-la já no primeiro turno.
"Nossa intenção não é abandonar Delgado, mas vamos discutir. Temos um objetivo, a Comissão de Meio Ambiente. É isso que vai reger nossa posição", disse José Luiz Penna, presidente nacional do PV.
Chinaglia também procurou líderes do PSDB (maior legenda na chapa de Delgado) para fazer um apelo contra a dissidência pró-Cunha. Na última semana, dois interlocutores do petista conversaram com secretários do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que defende pessoalmente o apoio a Delgado.
Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) telefonou aos principais aliados na Câmara para pedir que qualquer posição da bancada só seja definida na sexta-feira (30).
Como a Folha revelou nesta terça (27), deputados da oposição agora defendem abertamente o fim da candidatura de Delgado e a adesão de todos os partidos que estão com ele a Cunha.
Os dissidentes pregam que o ponto de partida para a implosão da chapa de Delgado (PSDB, PSB, PV e PPS) seria a saída das siglas menores.