Folha de S. Paulo


Com Jaques Wagner ministro, Costa inicia 3º ciclo do PT no poder da Bahia

Deputado federal por um mandato e ex-secretário de Estado, Rui Costa (PT), 51, assume o governo da Bahia nesta quinta-feira (1) para o terceiro ciclo seguido do PT à frente do quarto maior colégio eleitoral do país.

Amigo de mais de 30 anos de convivência do ex-governador Jaques Wagner (PT), que o indicou para a disputa eleitoral de 2014, o petista inicia o mandato com o desafio de montar um governo com luz própria e não ficar à sombra do padrinho.

Para isso, vai começar o governo com mudanças na estrutura administrativa do Estado, com redução de três secretarias e cerca de dois mil cargos comissionados. A cerimônia vai começar às 8h.

A equipe, contudo, não terá grandes mudanças em relação a do antecessor. Dos 24 secretários de Rui, 18 já exerceram alguma função no governo Wagner, sendo que nove permanecem em seus postos.

Rui Costa terá como missão destravar gargalos não superados pelo antecessor na áreas de segurança pública e saúde.

O petista tem como meta reduzir o número de homicídios –que cresceu 68% entre 2006 e 2013, segundo dados do governo– e dar eficiência à gestão da saúde, apontada em pesquisas como principal problema enfrentado pelos baianos.

Também terá que trabalhar para garantir equilíbrio financeiro ao Estado, cujo orçamento será de R$ 40 bilhões em 2015.

Para fechar as contas em 2014, Jaques Wagner baixou um decreto que interrompeu contratos, proibiu a contratação de funcionários e suspendeu férias dos servidores previstas para novembro e dezembro.

O governador também antecipou o pagamento dos royalties do petróleo previsto até 2018 para saldar débitos com a previdência no último ano de gestão.

BATALHA POLÍTICA

Rui Costa foi eleito para o governo da Bahia no primeiro turno com 54,5% dos votos, superando nas urnas o ex-governador Paulo Souto (DEM).

Surpreendente, a vitória teve ingredientes semelhantes aos da disputa de 2006, quando Jaques Wagner também venceu no primeiro turno, encerrando um ciclo de 16 anos de governos ligados ao senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).

Nos próximos quatro anos, o petista Rui Costa fez uma batalha política particular com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), possível adversário na disputa pelo governo baiano em 2018 e neto e principal herdeiro político do carlismo baiano.

O novo governador e o prefeito da capital negam publicamente a disputa e afirmam atuar em sintonia.

Em 2014, contudo, a prefeitura de Salvador não recebeu nenhum repasse voluntário do governo do Estado, com exceção de patrocínio de eventos como o carnaval.

Por outro lado, a município inviabilizou a operação comercial do recém-inaugurado metrô, gerido pelo Estado, ao não criar linhas de ônibus para alimentar o sistema.

Para enfrentar a ofensiva da oposição, Costa terá o apoio de Jaques Wagner, que promete empenho para trazer obras e convênios para o Estado.

Depois de oito anos no governo, Wagner assume o Ministério da Defesa. Será uma dos integrantes do "núcleo duro" da presidente Dilma Rousseff (PT) neste segundo mandato.


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