Folha de S. Paulo


Delegado da Lava Jato cobra Petrobras sobre contratos com Odebrecht

O delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat da Silva, que integra a Operação Lava Jato, cobrou da Petrobras que informe todos os negócios que fechou desde 2005 com as empresas do grupo Odebrecht, uma das principais empreiteiras do país.

O pedido, enviado no dia 28 de outubro último, não havia sido atendido até a última segunda-feira (15), quando o delegado o reiterou. Silva havia indicado à estatal um prazo máximo de 15 dias para que indicasse "qualquer tipo de pagamento, repasse de recursos ou transferência financeira a qualquer título", incluindo consórcios dos quais a Odebrecht faz parte.

O delegado pediu que a Petrobras informasse datas, valores e formas de pagamentos dos contratos e nominasse os "responsáveis pela aprovação e liberação de cada uma das referidas operações financeiras". O prazo acabou em meados de novembro, sem que a estatal apresentasse resposta.

A Petrobras alegou que estava com dificuldades para cumprir o pedido porque faltavam os números de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) das exatas empresas de interesse da investigação. Em e-mail enviado nesta terça-feira (16) à PF, a Petrobras informou que um escritório de advocacia da petroleira acompanhava o caso e "provavelmente está protocolando hoje a resposta".

O delegado nominou, na reiteração do pedido, oito empresas: Odebrecht Plantas Industriais e Participações, Odebrecht Óleo e Gás, Construtora Norberto Odebrecht, Odebrecht Drilling Services LLC e Odebrecht Ambiental S/A, além das empresas offshore Externo Odebrecht Drilling Norbe Eight GMBH, Externo Odebrecht Drilling Norbe Six GMBH e Odebrecht Drilling Norbe VIII LLC.

Citada em depoimentos do delator Augusto Mendonça Neto como uma das integrantes do "clube" de empreiteiras que dividiria obras da Petrobras, a Odebrecht não teve nenhum de seus executivos presos no último dia 14 de novembro, quando foi deflagrada a sétima fase da Lava Jato, denominada Juízo Final.

A Odebrecht também não foi até aqui alvo de denúncias do Ministério Público em decorrência da Juízo Final –houve seis denúncias contra 39 pessoas, incluindo diversos empreiteiros, todas acolhidas pelo juiz federal Sergio Moro.

Porém, um endereço da Odebrecht e a residência de três funcionários da empresa foram alvos de mandados de busca e apreensão da Juízo Final. No escritório da empreiteira no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, a PF arrecadou dois pen drives. Na casa de Márcio Faria da Silva, executivo da área de óleo e gás da empreiteira, a PF recolheu um computador, dois pen drives e um aparelho celular Blackberry. O material ainda será periciado pela Polícia Federal.

A PF conduz um inquérito próprio sobre a Odebrecht. Em petição protocolada no inquérito no dia 21 de novembro, os advogados da empresa, Dora Cavalcanti Cordani e Augusto de Arruda Botelho, afirmaram que a Odebrecht não realizou "direta ou indiretamente, transações com as empresas CSA, GFD, MO, Empreiteira Rigidez e RCI Software", todas relacionadas ao doleiro Alberto Youssef.

Os advogados também disseram que a empresa e seus funcionários estão "à disposição" da PF "para eventuais outros esclarecimentos". Quando procurados pela Folha no final de novembro para comentar o inquérito, os advogados da empresa informaram que a investigação foi aberta "a partir de notícias da imprensa e de uma ação que já tramita no Rio de Janeiro, que é o juízo competente para o caso".

Procurada pela Folha na noite desta quarta-feira (17), a Petrobras informou que prestou hoje as informações solicitadas pela PF. "Solicitações como estas têm sido feitas costumeiramente e vêm sendo atendidas pela companhia. A Petrobras mantém sua postura de efetiva colaboração com as autoridades públicas que estão conduzindo as investigações no âmbito da Operação Lava Jato", informou a assessoria.


Endereço da página: