Folha de S. Paulo


Mulher de 'ficha-suja' é indicada para o TCE de Mato Grosso

Os deputados estaduais de Mato Grosso aprovaram a nomeação da pecuarista Janete Riva (PSD), mulher do deputado estadual José Geraldo Riva, réu em mais de 100 processos por improbidade administrativa, para o Tribunal de Contas do Estado.

Presa em 2010 pela Polícia Federal sob a acusação de crimes ambientais, Janete obteve o voto de 15 dos 24 deputados para ocupar a vaga deixada em aberto desde o último dia 9, com a renúncia de Humberto Bosaipo (DEM).

A pecuarista, que também responde a processos por formação de quadrilha, desmatamento ilegal e trabalho escravo, nega todas as acusações e se diz vítima de perseguição política.

Reprodução/Facebook/JaneteRiva55
Janete foi candidata ao governo no lugar do marido, barrado pela Lei da Ficha Limpa
Janete foi candidata ao governo no lugar do marido, barrado pela Lei da Ficha Limpa

O Ministério Público Estadual e a OAB de Mato Grosso tentam anular a indicação na Justiça, alegando que Janete não atende aos requisitos básicos para assumir o cargo, como notório conhecimento jurídico, contábil, econômico e financeiro. A pecuarista, que já foi secretária estadual da Cultura e disputou o governo na última eleição, concluiu apenas o ensino médio.

A indicação foi aprovada na semana passada e a sabatina para oficializar a nomeação está marcada para esta terça-feira (16). O TCE entra em recesso na próxima sexta e só retoma os trabalhos a partir de 12 de janeiro, já no governo de Pedro Taques (PDT), que considera um "absurdo" a escolha dela para o cargo.

Para que o conselheiro tome posse, é necessária a assinatura do chefe do Executivo. O atual governador, Silval Barbosa (PMDB), é aliado da família Riva.

O TCE de Mato Grosso é composto por sete conselheiros –quatro são indicados pela Assembleia e o restante, pelo governador. O cargo é vitalício e o salário é de cerca de R$ 30 mil.

Em nota, a Mesa Diretora da Assembleia ressaltou que "segue todos os trâmites legais previstos na Constituição, preservando atribuição que lhe é privativa e garantindo total transparência no processo de escolha".

Também por meio de nota, o deputado José Riva rebateu as críticas. "Quem quiser ocupar o cargo, tem que preencher os requisitos. O governador eleito pode ficar tranquilo que a Assembleia Legislativa vai cumprir com o seu papel, exigindo rigor."


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