Folha de S. Paulo


Nome de ex-militante viva figura em lista de mortos e desaparecidos

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade incluiu uma pessoa viva, e que depôs ao grupo, numa lista de mortos e desaparecidos.

Dirce Machado da Silva, ex-militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), aparece no volume dois do relatório. Esse volume é composto de textos temáticos e autorais.

Dirce é citada no capítulo coordenado pela psicanalista Maria Rita Kehl sobre as violações praticadas contra camponeses, mais especificamente como tendo tomado parte da Revolta de Trombas e Formoso, no rote de Goiás nos anos 1950.

O engano foi revelado pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

A revolta, afirma o relatório, foi "uma das poucas lutas camponesas que saíram vitoriosas no país, envolvendo lavradores sem terra, grileiros, fazendeiros e também a polícia local e estadual".

"Após a vitória do movimento [...] a comunidade desenvolveu-se e passou a ser administrada pela Associação dos Trabalhadores de Trombas e Formoso. [...] Entretanto, com o golpe civil-militar de 1964, a associação foi dissolvida, os líderes de Trombas e Formoso foram perseguidos e os títulos de posse da terra já concedidos aos trabalhadores rurais, revogados."

Dona Dirce, como é conhecida, é listada no item 3.3, "Mortos e desaparecidos sem dados". Logo abaixo, no entanto, o item 3.4 se refere aos "torturadores apontados no depoimento de Dirce Machado da Silva".

Seu nome, no entanto, não consta da lista final de mortos e desaparecidos. Não há uma explicação de porque isso ocorre.

A Folha deixou um recado para Maria Rita Kehl, que não ligou de volta.


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