Folha de S. Paulo


Entidades de direitos humanos apontam frustração com texto

Diferentes frustrações fazem parte da avaliação de entidades que militam pelo esclarecimento de crimes ocorridos durante a ditadura sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, divulgado nesta quarta (10).

Um das principais reclamações de familiares das vítimas é que a comissão pouco contribuiu para esclarecer o que ocorreu com os corpos.

Fundadora do grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra considerou o documento "superficial". Segundo ela, houve influência de forças políticas dentro do governo federal nos rumos do trabalho da comissão.

"Falar em violações de direitos humanos' é uma balela. O que houve foi tortura institucionalizada. A comissão substituiu 'tortura' por 'violação de direitos humanos'. Foi uma forma de amenizar as acusações", afirmou.

A presidente da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Criméia de Almeida, classificou como "contundente" o conteúdo do relatório, mas disse acreditar que o "conservadorismo" do Judiciário pode dificultar a condenação dos responsáveis vivos por crimes.

Para ela, a punição não depende da revisão da Lei da Anistia. "A CNV apurou crimes imprescritíveis e não passíveis de anistia."

Criméia, no entanto, afirmou que parentes das vítimas alcançaram uma "nova fase" da luta pela resolução dos casos com a conclusão dos trabalhos da comissão.

A quantidade de exemplares impressos é a reclamação do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Wadih Damous. "Deveria ser distribuído nas escolas, nas universidades."

Segundo o advogado, o relatório apresenta retrato dos problemas enfrentados pelo país hoje, como violência contra a mulher e intolerância religiosa.


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