Folha de S. Paulo


Historiadores elogiam relatório sem 'novidades'

Historiadores elogiaram o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, embora tenham citado a falta de novidade factual e um certo descaso com o rigor histórico.

Um dos pontos mais elogiados foi a inédita lista com o nome de 377 responsáveis pelos crimes ocorridos no país entre 1964 e 1985.

"Acho realmente importante um órgão oficial incorporar a narrativa de que os crimes e abusos fizeram parte de uma política sistemática de Estado", disse o historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"Não há dúvida de que foi um trabalho positivo, mas acho que faltou uma recomendação explícita para o Congresso revisar a Lei da Anistia. Seria importante para a nossa pedagogia democrática", completou.

Para Fico, a continuidade do trabalho da comissão pode compensar as fragilidades do relatório.

Para o brasilianista inglês Anthony Pereira, diretor do Brazil Institute do King's College (Londres), a sistematização que o documento faz da cadeia de comando é um dos aspectos mais elogiáveis da atuação dos comissários, mas ele lamentou a falta de novidade histórica. "Era um trabalho difícil, sobretudo pela relação com as Forças Armadas", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

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