Uma espreguiçadeira com massageador elétrico, estofamento em couro marrom, detalhes em madeira e acabamento em aço inox escovado tem chamado a atenção de servidores que frequentam a sala de fisioterapia do STF (Supremo Tribunal Federal).
O móvel é velho conhecido dos ministros da corte, que conviveram com ele no cafezinho que fica atrás do plenário e viram, por diversas vezes, seu então dono, o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, usá-la nos intervalos do julgamento do mensalão para aliviar suas dores nas costas.
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A espreguiçadeira com massageador elétrico que era usada pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, no STF |
Comprada em 2009 por dispensa de licitação e a pedido do gabinete de Barbosa, a espreguiçadeira custou R$ 5.900 —cerca de R$ 7.800 em valores atualizados. De acordo com catálogo da loja que a produz, ela personaliza posições para um melhor descanso e é perfeita para assistir a televisão, ler, ou simplesmente relaxar.
Durante a gestão de Barbosa, a espreguiçadeira subia e descia do cafezinho para uma espécie de sala montada no gabinete da presidência, onde Barbosa era atendido por fisioterapeutas e tentava se aliviar de dores nas costas. No local, além do aparelho de massagem, havia televisões para que o ministro pudesse acompanhar os julgamentos.
CADEIRA APOSENTADA
Com a aposentadoria de Barbosa, a sala foi desmontada e a cadeira ficou sem destino certo. A atual gestão resolveu enviá-la para a sala de fisioterapia da corte. Segundo fisioterapeutas ouvidos pela reportagem, o equipamento não é considerado uma peça específica para tratamentos de saúde.
Sergio Lima/Folhapress | ||
Barbosa costumava participar das sessões em pé, para diminuir efeito das dores crônicas nas costas |
Questionada sobre a compra e uso da espreguiçadeira, a assessoria do STF disse que ela foi adquirida a pedido do ex-ministro e que hoje pode ser utilizada pelos servidores.
"A compra do referido item obedeceu às exigências legais e foi efetuada, em 2009, para atender a uma demanda específica do ministro Joaquim Barbosa. Após a aposentadoria de sua excelência, o item foi enviado à unidade de fisioterapia do Tribunal para uso coletivo", diz o tribunal em nota.
Na sala de fisioterapia, no entanto, a cadeira não propicia relaxamento aos servidores. Como não faz parte dos tratamentos, está abandonada num canto do espaço, atrapalhando quem circula e cuida de doenças ou lesões.