Folha de S. Paulo


FAB quer 108 novos caças Gripen

A FAB (Força Aérea Brasileira) fez as contas e planeja ter 108 caças multifuncionais Gripen NG nas próximas décadas. Por ora, contudo, está confirmada apenas a aquisição de 36 unidades a US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 13,8 bilhões pelo câmbio desta quarta, 19).

O número final de caças que a FAB gostaria de contar em seu inventário sempre variou entre 100 e 120, o que bate com a frota de aviões em 2009, quando começou a negociar o contrato que acabou vencido em 2013 pela Saab sueca para o fornecimento do novo caça.

A ideia sempre foi a desativação de aviões de combate dedicados: os Mirage-2000 de interceptação (já desativados), os F-5 de combate aéreo e os AMX de ataque ao solo. O Gripen pode fazer todas as funções.

Na terça (18), um oficial da FAB presente a um evento aeronáutico no Reino Unido citou o número, levando publicações especializadas a especular se já haveria novo contrato em curso com os suecos.

Em nota à Folha, a FAB afirmou que o número de 108 é baseado em estudos, e que apenas os 36 já anunciados estão garantidos.

De todo modo, a previsão, dentro do que já vinha sendo esperado, dá um sentido adicional à decisão de montar no Brasil pelo menos os 15 últimos aviões a serem entregues.

De um lado, a FAB sempre quis trazer para o Brasil a tecnologia de integração de um caça moderno supersônico. Com a montagem na unidade da Embraer em Gavião Peixoto (SP) e a capacitação de uma cadeia produtiva nacional, inclusive uma fábrica da própria Saab para montar peças de fuselagem em São Bernardo do Campo (SP), este objetivo parece encaminhado.

Mas fica claro que há a ambição de tornar o país uma base exportadora do caça, talvez para outros países da América Latina, além de eventuais unidades no futuro para uso pela Marinha do Brasil.

Tudo isso é especulação, já que o próprio Gripen NG é um modelo em desenvolvimento a partir de versões mais antigas do caça, que voam em seis países hoje. Mas de fato há planos para uma versão naval do aparelho, que necessita de diversas alterações, como trens de pouso mais resistentes para uso em porta-aviões.

Os 36 Gripen encomendados deverão ser entregues entre 2019 e 2024 _um deslocamento de um ano a mais no período inicial previsto, devido à capacidade industrial brasileira.

Para evitar um colapso da defesa aérea central do Brasil e para acostumar os pilotos brasileiros à nova plataforma, cerca de 12 versões anteriores do Gripen deverão ser cedidas ou alugadas para uso a partir de 2016, substituindo os caças táticos F-5 improvisados na função de interceptação que antes era dos Mirage. Pilotos brasileiros já estão sendo treinados na Suécia para operar o novo caça.

Editoria de Arte/Folhapress

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