Folha de S. Paulo


Dilma e Lula discutem medidas para reverter quadro negativo da economia

A presidente Dilma Rousseff chamou nesta terça-feira (4) o ex-presidente Lula para a primeira reunião de trabalho sobre o futuro governo da petista.

Segundo a Folha apurou, Dilma e Lula analisaram ações para acalmar a base aliada no Congresso e iniciativas para reverter o quadro negativo da economia, inclusive a escolha do futuro ministro da Fazenda.

A reunião começou no meio da tarde na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República, e contou com a participação do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).

O encontro sinaliza que Lula terá maior participação nos rumos do segundo mandato de Dilma, visando sua possível candidatura em 2018.

Interlocutores de Dilma e de Lula disseram que uma das prioridades do início do segundo governo da petista é montar uma base aliada confiável, já que a presidente terá de aprovar medidas importantes no Congresso para conter o rombo das contas públicas.

O ex-presidente Lula está preocupado também com a definição do substituto de Guido Mantega na Fazenda. Em sua avaliação, Dilma deveria definir o nome o mais rápido possível para sinalizar ao mercado mudanças de rota na política econômica.

Um interlocutor de Lula disse à reportagem que ele não vai indicar um nome para Dilma, mas fará sugestões à presidente. A escolha é dela, tem dito o ex-presidente, que não esconde sua preferência pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Nos últimos dias, amigos de Lula passaram a defender o nome de Meirelles como a "solução" para recuperar a economia brasileira.

No Palácio do Planalto, assessores presidenciais lembram que Dilma tinha resistências ao nome do ex-presidente do BC, mas que estariam diminuindo nos últimos dias. Motivo: o cenário econômico está pior do que o previsto inicialmente, principalmente nas contas públicas, que registraram déficit até o mês de setembro.

Além de Meirelles, contam com a simpatia e apoio de Lula o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa, que trabalhou no governo Dilma, e o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Ele, porém, já disse a amigos que não pretende deixar o banco.

Na política, Dilma e Lula consideram vital unir o PMDB em torno do governo para garantir número suficiente no Congresso para aprovar as medidas do Palácio do Planalto. Para isso, Lula se reuniu um dia antes, na segunda-feira (3), com o vice-presidente Michel Temer.

Uma das missões de Dilma, na avaliação de Lula, é tentar evitar a eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara no próximo ano. Para isso, precisa primeiro acertar o papel e o espaço do PMDB em seu segundo mandato.

O problema, segundo assessores, é que a candidatura de Cunha já avançou no Congresso e talvez não seja possível derrotá-lo. Neste caso, será necessário fazer um trabalho de aproximação com o atual líder do PMDB na Câmara para evitar que ele use a presidência da Casa para retaliar o governo. Cunha é visto, hoje, como inimigo do Palácio do Planalto.

Até o início da noite, a reunião na Granja do Torto ainda não havia terminado. Dilma estava no Palácio da Alvorada até depois do almoço. Foi de helicóptero para a granja se reunir com Lula.


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