Folha de S. Paulo


Dilma relata ter se irritado com delator da Petrobras já em 2008

Entre a tensão da corrida eleitoral e a pressão gerada pela Operação Lava Jato, a presidente Dilma Rousseff contou a amigos, no auge da disputa presidencial, sobre o dia em que desconfiou do que chama de "malfeitos" de Paulo Roberto Costa.

Ex-diretor da Petrobras, ele revelou nos últimos meses, em depoimentos à Justiça, como funcionava parte do esquema de desvio de recursos da empresa estatal.

Em 2008, o à época todo-poderoso "Paulinho", como era chamado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi chamado ao Palácio do Planalto para uma reunião a respeito da exploração de potássio na Amazônia.

Então ministra da Casa Civil, Dilma, que comandava o encontro, ouviu de Costa que uma parte da mina de silvinita (minério do qual é extraído o potássio) estava vendida a uma empresa canadense, o que renderia cerca de US$ 150 milhões à Petrobras.

Alan Marques/Folhapress
Deputado mostra foto de encontro de Paulo Roberto Costa com Gabrielli, Dilma e Lula
Deputado mostra foto de encontro de Paulo Roberto Costa com Gabrielli, Dilma e Lula

Dilma lembrou a interlocutores, na campanha deste ano, que se irritou com a informação, já que o potássio é usado pela indústria de fertilizantes e considerado estratégico para a produção agrícola.

O ex-diretor, lembrou a presidente, permaneceu impassível. "Com cara de quem não ia mexer uma palha para desfazer o negócio", disse à Folha um petista que ouviu a conversa da presidente.

Segundo o relato, Dilma interrompeu a reunião, desceu ao 3º andar, onde ficava o gabinete de Lula, e expôs a situação. O então presidente teria dado carta branca para que o negócio fosse desfeito. Dilma, então, voltou e informou Costa sobre a decisão.

Foi nesta reunião, no meio de 2008, que a presidente disse aos amigos ter desconfiado que havia algo de errado com Costa –segundo Dilma, a operação foi desfeita rapidamente após o encontro, o que chamou a atenção.

PRIMEIRO MANDATO

De todo modo, Costa só deixou a Petrobras quatro anos depois –o segundo ano do primeiro mandato de Dilma. Apesar de a presidente ter dito na campanha à reeleição que o demitiu, sua saída oficialmente consta como "a pedidos", e com agradecimentos pelos serviços prestados à estatal.


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