Folha de S. Paulo


Relator do mensalão nega 'revide' da Itália em caso Pizzolato

O relator do processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, disse não acreditar que a Justiça italiana tenha negado a extradição do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato como forma de retaliar o Brasil, que também não permitiu a ida de Cesare Battisti para a Itália.

Segundo ele, o país europeu tem uma democracia madura, que não deixaria que um caso judicial tivesse influência sobre outros. "Itália é uma democracia madura, conduzida por líderes experientes, não veria nenhum sentido nisso. A decisão de conceder ou não extradição é um ato de soberania do Estado. De modo que se a Itália decidir em instância final que não deve extraditar, Brasil deverá respeitar e de preferência sem fazer comentários depreciativos, como aconteceu no caso Cesare Battisti", disse.

O ministro ainda informou que, apesar de estar respondendo em liberdade ao processo de extradição, Pizzolato será considerado um foragido, que pode ser preso caso deixe a Itália.

Alessandro Fiocchi
A Corte de Bolonha negou o pedido do governo brasileiro para que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão
A Corte de Bolonha negou pedido de extradição do ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato

Em relação aos presídios brasileiros, argumento usado para impedir a extradição, o ministro disse ser um "crítico severo" das condições dos estabelecimentos prisionais, mas ressaltou que sobre o presídio da Papuda, onde estão condenados do mensalão em Brasília, não há registros negativos.

"Na papuda as condições são razoáveis ou pelo menos não chegou a esse relator nenhuma notícia de que algo atentatório à dignidade da pessoa humana tenha acontecido na Papuda. Eu não sou um defensor do sistema penitenciário brasileiro, sou um crítico. Em muitos espaços desse sistema há atentados dramáticos à dignidade da pessoa humana, porém este não é o caso no presidio da Papuda em Brasília", disse.

MARCO AURÉLIO

Quem também falou sobre a condição nas prisões do Brasil foi o ministro Marco Aurélio Mello. Para ele, Pizzolato, por ter cidadania italiana, exerceu "um direito" de não se submeter "às condições animalescas" das penitenciárias no país.

Ele ainda considerou ser uma "vergonha" para o Brasil ter um pedido de extradição rejeitados por conta da condição do sistema prisional.


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