Folha de S. Paulo


Na disputa mais acirrada da história, Dilma é reeleita presidente do Brasil

Na disputa presidencial mais acirrada da história, Dilma Rousseff (PT) é reeleita presidente do Brasil. Com vitória apertada em Minas (52% dos votos), a petista perdeu em São Paulo: teve 35%, ante 64% de Aécio Neves (PSDB).

Neste domingo (26), a petista derrotou Aécio Neves (PSDB) somando 51% dos votos válidos, ante 48% do tucano. A diferença entre os dois é a menor observada entre dois finalistas de uma eleição presidencial desde o fim da ditadura militar e a redemocratização do país. Pela 3ª vez seguida, brasileiros dão novo mandato a um presidente.

A reeleição de Dilma representa um triunfo de ordem pessoal e outro de natureza política. Criticada por ministros do seu governo e dirigentes do próprio partido, o PT, a presidente venceu apesar do desempenho ruim na economia e ao final de uma campanha marcada pelo desejo de mudança da maioria do eleitorado.

A vitória de Dilma também é um troféu para o PT, que chegou ao poder com Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e agora ganhou o direito de ocupar o Palácio do Planalto por mais quatro anos, completando 16 anos no poder. Nenhuma outra força política do país alcançou essa marca desde a volta da democracia. Esta foi a sexta eleição presidencial em que petistas e tucanos se enfrentaram na final, e a quarta que o PT venceu.

"Esta presidenta está disposta ao diálogo e este é o meu primeiro compromisso", afirmou Dilma após a confirmação de sua reeleição, num discurso em que rejeitou a ideia de que o país saiu dividido da eleição por causa da agressividade da campanha eleitoral.

O maior desafio da presidente reeleita será recuperar a credibilidade de sua política econômica e reconquistar a confiança dos investidores. Outro será recuperar o apoio de partidos que a apoiavam no Congresso e se afastaram do governo durante a campanha.

As negociações ocorrerão em meio à tensão causada pelas investigações do escândalo na Petrobras, estimuladas pelos depoimentos de um ex-diretor da estatal e um doleiro que acusam o PT e seus aliados de montar um esquema para desviar recursos da empresa para os partidos que apoiam Dilma no Congresso.

APROVAÇÃO

O governo Dilma Rousseff é aprovado por 44% dos eleitores, segundo o Datafolha. O percentual é mais que o dobro daqueles que desaprovam seu governo: 19% o consideram ruim ou péssimo, enquanto 36% o avaliam como regular.

A taxa de aprovação de Dilma é inferior aos 52% que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha ao final de seu primeiro mandato, em 2006, mas superior ao índice de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1998, quando o tucano foi reeleito à Presidência.

Dilma também fica no meio dos dois ex-presidentes entre aqueles que desaprovaram os respectivos governos. Lula terminou seu primeiro mandato com rejeição de só 14%, contra 25% que diziam ser o governo FHC ruim ou péssimo.

Lula terminou seu segundo mandato, em 2010, com a melhor avaliação da história e conseguiu fazer sua sucessora. Em 2010, 83% dos eleitores consideravam sua gestão ótima ou boa.

Após a gestão Lula, 84% dos brasileiros achavam que o país estava melhor do que antes. Naquele ano, a rejeição ao governo do petista atingia só 4% dos eleitores, e 13% o avaliavam era regular.

Com Fernando Henrique ocorreu o oposto. Ele encerrou seus oito anos na Presidência, em 2002, com aprovação de só 26%, índice inferior ao do primeiro mandato, embora 35% dissessem em 2002 que o Brasil estava melhor do que oito anos antes.

A rejeição ao tucano, na ocasião, alcançava 36% dos brasileiros, e ele não conseguiu fazer seu sucessor. Mesmo assim, FHC saiu do governo em melhor situação do que José Sarney (1985-1990) e Fernando Collor de Mello (1990-1992), que deixou o Planalto após o impeachment com apenas 9% de aprovação.

Itamar Franco, com 41%, também finalizou seu período na Presidência (1992-1994) melhor que FHC, que foi seu ministro da Fazenda na implantação do Plano Real e eleito na sequência. O mineiro, no entanto, havia sido eleito presidente, já que assumiu após Collor deixar o cargo.


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