Só faltou guerra de bolinha de papel. A plateia do debate da TV Globo entre os dois candidatos ao governo do Rio nesta quinta-feira (23) fez uma batalha de coros num clima de colégio primário. No fim, um alarme soou por duas vezes, interrompendo a fala dos candidatos.
Boa parte das intervenções ocorreram durante o programa. A apresentadora Ana Paula Araújo tentou, sem sucesso, controlar os ânimos da plateia.
A "torcida" do senador Marcelo Crivella (PRB) foi a mais atuante. Comandados pela deputada eleita Clarissa Garotinho (PR), eles gritavam "é ficha limpa". Alguns apoiadores do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) tentaram responder a provocação gritando "derrubamos o bispo", em referência a Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e tio de Crivella. Mas foram contidos por correligionários.
O clima esquentou quando Crivella negou ter mentido sobre o gasto com publicidade pelo governo do Estado, como acusou Pezão. Após seus apoiadores aplaudirem e comemorarem a resposta, o lado do governador vaiou. "Olha a educação!", gritou o deputado André Corrêa (PSD), líder do governo na Assembleia Legislativa.
No primeiro intervalo, a apresentadora pediu calma aos que estavam na plateia. Poucos respeitaram. "Aqui é torcida de verdade!", gritou Clarissa. "Barraqueira!", respondeu Corrêa.
O deputado Carlos Roberto Osório (PMDB) também entrou na disputa verbal. "Você não tem educação!". A deputada Clarissa respondeu com um beijo à distância.
Os apoiadores de Crivella também se manifestaram quando o peemedebista pediu para que eleitores entrassem em um site para ver as denúncias contra o senador do PRB. "Crime eleitoral!", gritou uma das integrantes da torcida do PRB.
Pezão afirmou que o site é produzido por sua campanha e respeita a lei das eleições. A campanha de Crivella.disse que vai entrar com uma ação para retirar a publicação do ar.
Ao fim, um alarme soou por duas vezes, por acidente. A primeira, quando Pezão fazia suas considerações finais. A produção da TV Globo demorou alguns segundos para interromper o barulho. Na segunda, a apresentadora já fazia o encerramento do programa. Até a publicação desta nota, a emissora não sabia explicar o motivo da falha.
Questionado por um jornalista se o alarme não era um "detector de mentiras", Crivella disse que era para Pezão. Já o governador afirmou tratar-se de outro tipo de sinal: "Ouvi dizer que era o [deputado Anthony] Garotinho chegando para buscar a Clarissa".
Os dois candidatos afirmaram que os ataques mútuos foram iniciados pelo adversário. "Ele fica toda hora insinuando o que está por trás da minha candidatura. Não tenho sangue de barata. Vou mostrar o que está atrás da dele", disse Pezão.
"Para mim a melhor pesquisa é o comportamento do Pezão. Se ele me ataca é porque está com medo de perder", afirmou Crivella.