Folha de S. Paulo


Conversa com marqueteiro selou retorno de Lula às ruas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigiu mudanças neste segundo turno da campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) antes de voltar às ruas.

Cobrado por dilmistas, Lula mergulhou na disputa só depois de um almoço com o marqueteiro João Santana, a quem cobrou mais calor na propaganda na TV.

O almoço ocorreu após a exibição dos três primeiros programas do segundo turno. À mesa, o líder petista disse que as peças eram burocráticas, sem gente, centradas na imagem de Dilma.

Ainda segundo petistas, Lula sugeriu o afastamento do ministro Aloizio Mercadante da linha de frente, argumentando que ele sofria restrições na classe política.

O ministro Miguel Rossetto foi recrutado para atuar como precursor, descascando abacaxis antes da chegada de Dilma a um Estado.

Mercadante e Santana eram adeptos à ideia de que Dilma deveria construir identidade própria. Mas acabaram cedendo.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante ato de campanha em São Gonçado (RJ)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante ato de campanha em São Gonçado (RJ)

Nesta quinta-feira (23), Lula participou de um comício em São Gonçalo, periferia do Rio. Ele pregou que os eleitores deixem os ataques de lado, mas voltou a provocar o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, chamando-o de "filhinho de papai".

"Ele (Aécio) ficou incomodado porque eu disse que ele era filhinho de papai. Mas foi uma grosseria (chamar Dilma de leviana) típica de filhinho de papai. De gente que fala assim com uma empregada doméstica", disse Lula, referindo-se ao fato de que Aécio disse, no debate do SBT, no último dia 16, que Dilma estava sendo leviana.

"Será que esse candidato faria isso se o outro candidato fosse homem? Será que seria tão brabo assim? É um comportamento (de Aécio) de alguém que nunca trabalhou, nunca precisou lutar pelo salário", completou Lula.

No comício, o ex-presidente ainda criticou a revista britânica "The Economist", que, em editorial, defendeu voto em Aécio.

"Esses dias uma revista chamada The Economist' teve a pachorra, a desfaçatez de fazer uma matéria dizendo que tinha que votar no Aécio. Será que essa revista é imbecil? Se os banqueiros quiserem votar no Aécio, que votem, mas a Dilma é candidata do povo", disse.

A artilharia verbal do ex-presidente chamou atenção e irritou os tucanos na reta final da campanha. Na terça (21), em Pernambuco, Lula chamou o PSDB de intolerante.

"De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra Mundial. (...) Outro dia, dizia para eles: vocês são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo".

Em outro ato, no último sábado (18) em Belo Horizonte (MG), Lula afirmou que o negócio do presidenciável tucano com mulher "é partir para agressão, partir pra cima agredindo, porque acha que a coisa pega mais".

NO ALVO DE LULA

Ex-presidente critica Aécio, o PSDB e a imprensa

AÉCIO
O comportamento dele não é o comportamento de um candidato. É comportamento de um filhinho de papai (...) que sempre acha que os outros têm sempre que fazer tudo para ele

Em Minas Gerais, em 18.out

*

Quando vi aquele garoto [Aécio] chamá-la [Dilma] de leviana e dizer que ela estava mentindo, eu fiquei pensando: esse moleque não teve educação em casa

Em Mato Grosso do Sul, em 22.out

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PSDB
De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra Mundial. (...) Eles [do PSDB] são intolerantes. (...) Outro dia, dizia para eles: vocês são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo

Em Pernambuco, em 21.out

*

IMPRENSA
Essa revista ['The Economist'] teve a pachorra e a desfaçatez de dizer que o povo brasileiro deveria votar no Aécio, e não na Dilma. Fiquei pensado: será que essa revista é imbecil?

No Rio de Janeiro, em 23.out


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