Folha de S. Paulo


Painel do eleitor: 'Se não fosse a Petrobras, votaria na Dilma'

Quem sai de São Paulo pela via Dutra passa primeiro por Guarulhos e Arujá antes de chegar a Santa Isabel, cidade com cerca de 50 mil habitantes e cinco agências bancárias, quase ao lado uma da outra, na avenida principal.

Fica ali perto, num prédio baixo, o escritório de João Paulo Lombardi, 34 anos. É uma sala com duas mesas e três computadores, com um sofá para quem espera ser atendido. Com formação de web designer, João Paulo é correspondente bancário da Caixa Econômica Federal.

É como se fosse uma agência bancária sem dinheiro, explica ele. Basicamente, ele recebe interessados em obter financiamento imobiliário da Caixa (em especial para o programa Minha Casa, Minha Vida). Recolhe a documentação e confere se está de acordo com os critérios estabelecidos pelo governo.

Davi Ribeiro/Folhapress
Retrato de João Lombardi, empresário entrevistado para secção painel do leitor
Retrato de João Lombardi, empresário entrevistado para o painel do eleitor

O Minha Casa, Minha Vida oferece juros subsidiados para quem queira comprar seu primeiro imóvel –no valor de até R$ 190 mil, dependendo da região. Acima disso, diz João Paulo, o cliente é encaminhado para o financiamento normal.

A vantagem de procurar João Paulo –ou outro dos 33 mil correspondentes da Caixa Econômica em todo o país– é a ausência de filas e burocracia. As próprias construtoras de imóveis populares têm esse tipo de agente facilitador para o acesso ao financiamento.

Apesar das notícias sobre estagnação econômica, João Paulo não nota diminuição significativa no movimento de seu escritório. Comparando este mês com outubro do ano passado, ele diria que houve um decréscimo mínimo nos negócios, mas nada que lhe pareça preocupante.

O financiamento habitacional é um "aspecto positivo, sem dúvida", que ele vê no governo Dilma –do qual foi eleitor em 2010. "Sem isso, muitas pessoas nunca teriam condições de comprar a própria casa."

A atual presidente, contudo, "teve sua chance e não aproveitou", diz João Paulo. Ele acreditava que Dilma pudesse se diferenciar das irregularidades que marcaram o governo Lula, como o caso do mensalão.

"O que pesa é a corrupção", diz ele ao dar as razões do seu voto. O caso da Petrobras é decisivo para João Paulo escolher Aécio Neves (PSDB) no segundo turno. "Pagar impostos para esse pessoal dividir entre eles é demais", completa.

"Recebo muita coisa no Twitter", diz ele, que, nestes dias, viu muitos amigos se estranhando mutuamente em grupos no WhatsApp, tão aceso anda o debate pela internet.

Seja como for, João Paulo tinha um "pé atrás" com relação ao peessedebista no primeiro turno, e sensações parecidas com relação a Marina Silva (PSB). "Parecia muito radical", diz ele, que, no dia 5, votou em Levy Fidelix (PRTB).

Para deputado federal e estadual, ele votou em candidatos da região (Marcio Alvino, ex-prefeito de Guararema, e André do Prado, ambos do PR). O apoio do PR ao PT de Dilma Rousseff "me deixa indiferente", diz. "Penso no que podem fazer por Santa Isabel."

João Paulo não tem, de qualquer modo, julgamentos peremptórios sobre o PSDB e o PT. Não detesta nenhum, e não se interessa em avaliar, por exemplo, o governo Fernando Henrique Cardoso. "Prefiro olhar para a frente", conclui, e insiste: "Se não fosse o caso da Petrobras, eu votaria na Dilma".


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