Folha de S. Paulo


Dilma diz não crer em transferência de votos de Marina a Aécio

A presidente Dilma Rousseff (PT) tentou minimizar o apoio de Marina Silva (PSB) ao candidato Aécio Neves (PSDB) em evento neste domingo (12) em São Paulo. "Eu não acredito em transferência automática de votos", afirmou a candidata à reeleição.

Marina teve 22 milhões de votos e havia sido procurada pelo PT para apoiar Dilma. O presidente do partido, Rui Falcão, disse na terça (7) que o partido poderia até mudar o programa para receber o apoio da ex-senadora.

Dilma disse achar compreensível a adesão de Marina à candidatura de Aécio por causa da afinidade do programa da ex-senadora com o dos tucanos.

"Eles são a favor da independência do Banco Central, nós não somos. Eles são a favor de reduzir o papel dos bancos públicos, nós não somos. Porque reduzir o papel dos bancos públicos significa acabar com o Minha Casa, Minha Vida concretamente. Tem coisa que eu não incorporo [no programa] nem que a vaca tussa: reduzir o papel de banco público, flexibilizar direito trabalhista".

Em evento relacionado ao Dia das Crianças, a petista criticou os programas sociais de Aécio para a área da infância quando ele era governador de Minas Gerais. Segundo ela, Minas teve a menor redução da taxa de mortalidade infantil entre os grandes Estados de 2003 e 2010.

A queda da mortalidade infantil em Minas, de acordo com ela, foi de 19%, enquanto em Estados como Bahia, Paraná e São Paulo, a redução foi de 33,5%, 27,3% e 21,1%, respectivamente.

A presidente assinou um compromisso com a Fundação Abrinq, mantida por fabricantes de brinquedos, no qual promete adotar políticas de proteção à infância previstas na Constituição, mas ainda não implementadas.

Dilma prometeu universalizar o acesso à pré-escola, para crianças de 4 a 5 anos, até 2016. Atualmente, 89% das crianças nessa faixa etária estão na escola.

O evento ocorreu num prédio da Prefeitura de São Paulo, o CEU (Centro de Estudo Unificado) Jambeiro, em Guaianazes, na zona leste.

DOA A QUEM DOER

Ainda segundo Dilma, Minas deixou de gastar R$ 7,6 bilhões em saúde entre 2003 e 2010, ao não aplicar o índice previsto na Constituição para essa área, de 12% da receita. "É importante registrar isso porque mostra bem a qualidade do choque de gestão feito em Minas Gerais", afirmou.

A petista esquivou-se de comentar as acusações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef de que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebia recursos desviados de obras da estatal na campanha de 2010. Para a presidente, a situação do tesoureiro é uma questão do PT.

Costa disse em depoimento à Justiça que o PT ficava com 3% do valor líquido de contratos da Petrobras.

Dilma voltou a repetir que a divulgação das audiências realizadas pela Justiça Federal foi feita de maneira que classificou de seletiva.

"Eu sou a favor da divulgação ampla, geral e irrestrita. Doa a quem doer. O que é estranho é só divulgar um pedaço", disse. "Fazer audiência pública no meio de uma campanha eleitoral é que eu acho estranho".

A presidente disse que casos de corrupção precisam de provas para que sejam punidos pela Justiça: "Não adianta investigar e divulgar. Ou pune ou nós não acabamos com a corrupção. Para punir tem de ter provas".

OUTRO LADO

A campanha de Aécio diz em nota que é Dilma "quem está acabando com o Minha Casa, Minha Vida", ao acumular dívidas ligadas ao programa que somam R$ 10 bilhões.

A nota também refuta a declaração da presidente de que o tucano enfraquecerá os bancos públicos ao dar autonomia ao Banco Central.

Segundo a nota, a transparência com que Aécio irá tratar as contas públicas resultará em fortalecimento do programa habitacional: "Bancos públicos fortalecidos aliados a uma situação fiscal forte e transparente vão resultar na melhoria do Minha Casa, Minha Vida".

A campanha tucana diz que Dilma mente ao afirmar que Aécio deixou de gastar R$ 7,6 bilhões em saúde quando governou Minas. Para o tucano, não havia regulamentação sobre que tipo de gasto era considerado aplicação em saúde, e diversos Estados incluíam investimento em saneamento. De acordo com a campanha, isso ocorreu em Minas e em Estados governados pelo PT, como o Rio Grande do Sul.


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