Folha de S. Paulo


Na TV, Dilma e Aécio buscam centro, mas escândalo atropela estratégia

Dilma agora veste azul na propaganda eleitoral, como no início do primeiro turno, quando imaginava que seu adversário seria Aécio. Pendura o vermelho, que usou para o confronto publicitário com Marina.

E os garotos-propaganda que a petista usa agora para atacar o tucano são todos brancos e homens. Seu principal cabo eleitoral, nos primeiros programas do segundo turno, é o governador eleito de Minas, Fernando Pimentel. Outra presença marcante é a senadora ruralista Kátia Abreu.

Aécio não chega a vestir vermelho, mas sua campanha agora abraça a "diversidade", com modelos de todos os matizes nos clipes, além do apoio do verde Eduardo Jorge e do abraço do socialista Roberto Amaral.

Na mesma direção, o garoto e a garota-propaganda que o tucano passou a usar para os ataques à petista são ambos, aparentemente, mulatos.

Nenhum dos dois candidatos pôde usar as primeiras pesquisas Datafolha e Ibope para contar vantagem, dado o empate técnico. Dilma apelou assim à vitória numérica no primeiro turno, alongando as cifras absolutas.

Aécio fez pior. Trombeteou que "sai na frente" no segundo turno com a inusitada pesquisa do Instituto Paraná destacada "pelo site da revista 'Época', da Editora Globo".

O principal ataque de Dilma foi feito usando FHC e sua declaração recente de que o eleitores da petista são "menos informados" e, por coincidência, "pobres". O programa lembrou antiga menção do ex-presidente aos aposentados "vagabundos".

E o principal ataque de Aécio foi feito no rádio, sexta-feira pela manhã, usando o vazamento dos depoimentos sobre a Petrobras. O programa tucano procurou traçar um paralelo com o escândalo do mensalão e chegou a citar Lula, que como Dilma declarava não saber "de nada".

Com a inflexão da propaganda de Dilma à direita, ela evitou Lula, assim como a propaganda de Aécio evitou FHC ao priorizar o que chamou de "diversidade" –em bloco que incluiu, comicamente, o apoio do Pastor Everaldo.

De maneira geral, são essas as duas estratégias iniciais para o segundo turno, mas elas já mostram sinais precoces de esgotamento, nesta campanha presidencial de 2014, em que os marqueteiros têm muito menos controle que de costume.

Os vazamentos da Petrobras já ameaçam engolir a propaganda de Aécio, retomando assim a campanha de cunho moral, não social –de que ele precisa, para avançar entre os mais pobres. Vazamentos que assustam Dilma, em busca de alternativas para sair das cordas, talvez com ataque ao mensalão mineiro.


Endereço da página: