Folha de S. Paulo


Pezão e Crivella dividem apoio de petistas no Rio

Os dois candidatos ao governo do Rio anunciaram na tarde desta quarta-feira (8) apoio de petistas para o segundo turno. A divisão no Estado foi estimulada pela Direção Nacional do PT para evitar problemas no palanque da presidente Dilma Rousseff.

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) obteve o apoio de nove dos dez prefeitos do PT no Estado e de cinco dos seis deputados eleitos pela sigla. Já o senador Marcelo Crivella (PRB) aliou-se ao candidato petista derrotado no primeiro turno, Lindbergh Farias, e ao presidente do PT-RJ e prefeito de Maricá, Washington Quaquá.

Os aliados de Pezão ressaltaram que, apesar de parte do PMDB ter rompido com a presidente e embarcado na campanha de Aécio Neves (PSDB), o governador manteve o apoio a Dilma.

"Pezão e [o prefeito do Rio] Eduardo Paes mostraram uma coisa muito importante, que é gratidão e reconhecimento pelo que Lula e Dilma fizeram no Rio. Não podia ser diferente", afirmou o deputado Carlos Minc (PT). Ele afirmou ainda que o peemedebista é "mais progressista" do que o adversário de segundo turno.

Em seu discurso, Pezão afirmou que dará "o resto do sangue para ver a presidente Dilma reeleita". "Faltava um pedaço de mim sem o PT na minha campanha. Sempre estive ao lado do presidente Lula."

O PT Nacional pediu para que a direção regional liberasse seus filiados para não causar ainda mais tensão com o PMDB no Estado. A sigla aliada no plano nacional já havia se queixado do lançamento da candidatura de Lindbergh, rompendo a aliança de sete anos e três meses.

Crivella, por sua vez, reforçou a ideia de que é dele o palanque que melhor representa Dilma no Estado do Rio.

"Nossa presidenta precisa aqui de um palanque honesto, digno e correto, um palanque que tenha uma linha só. Não é um palanque anfíbio, de duas caras, um palanque hermafrodita. Nós somos Dilma e não é de agora", disse o candidato do PRB.

Lindbergh prometeu entusiasmo da militância pela candidatura de Crivella, apontou similaridades nas propostas dos dois e disse querer se engajar na campanha o mais rápido possível. Ainda em repercussão ao primeiro turno, o senador petista disse que o voto útil em Crivella pesou em sua votação, que ficou aquém das projeções do PT regional.

"Tem muita gente que ficava ali entre Crivella e a nossa candidatura e de fato eu tenho avaliação de que a gente diminuiu um pouco no primeiro turno porque já houve uma espécie de voto útil, um sentimento que não dava para ir de Garotinho contra o Pezão", disse Lindbergh.

Quaquá queixou-se da adesão de petistas a Pezão. "Quem é do PT e está com Pezão agora, é porque já era Pezão antes. Esses nunca estiveram com Lindbergh".

O racha no partido, que teve início com a decisão de Lindbergh de sair candidato rompendo a aliança que levou Sérgio Cabral (PMDB) ao governo do Rio, tendo Pezão como vice, e o próprio Lindbergh ao Senado, provocou o movimento "Aezão". Para Quaquá, o Aezão está consolidado e nada vai mudar o caráter de traição contra Dilma nem seu peso na disputa, mas os apoios que Lindbergh recebeu serão encaminhados a Crivella.


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