Folha de S. Paulo


Ex-diretor da Petrobras chega a Curitiba para depoimento na Justiça

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa desembarcou em Curitiba às 12h15 desta quarta-feira (8) para prestar seu primeiro depoimento à Justiça Federal depois do acordo de delação premiada.

Costa chegou ao aeroporto Santos Dumont, no Rio, pouco antes das 9h e embarcou em voo da companhia aérea Azul, escoltado por agentes da Polícia Federal, às 10h20.

Ele entrou na aeronave dez minutos antes do embarque dos demais passageiros do mesmo voo.

O ex-diretor foi acomodado no assento 27D, última janela ao lado direito da aeronave, um Embraer E-190, de 100 lugares. Ele usava terno e gravata e estava de barba. Passou toda a viagem de óculos escuros e na maior parte do tempo olhava através da janela.

Costa deve falar na Justiça sobre como os contratos da refinaria Abreu e Lima eram superfaturados e sobre as 11 empresas que abriu no exterior para receber propina. Essas empresas tinham contas na Suíca e nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal no Caribe.

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Ele contou no acordo de delação que os US$ 23 milhões que mantêm na Suíça tiveram origem em pagamentos de propina feitos pela Odebrechet, o que a empreiteira nega com veemência.

Durante os 70 minutos de voo, não chegou a ser abordado por qualquer passageiro. Um agente federal viajou no banco à frente do de Costa e outro, em um assento na mesma fileira, do lado esquerdo. A Folha tentou entrevistar Costa mas foi impedida pelos agentes federais.

Costa foi o último a desembarcar, às 12h28, e foi levado por escolta da Polícia Federal diretamente para o tribunal.

A DELAÇÃO

Costa decidiu no fim de agosto revelar detalhes sobre subornos na Petrobras em troca de uma pena menor. Ele citou, segundo a revista "Veja", os nomes de 12 parlamentares que recebiam propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-SP), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos do doleiro.

Editoria de Arte/Folhapress

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PAULO ROBERTO COSTA
Diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, é suspeito de intermediar negócios entre a estatal e grandes fornecedores, recolhendo propina das empresas e distribuindo dinheiro a políticos

Reprodução
  • A 1ª prisão Em 20.mar, Costa foi preso pela Polícia Federal por tentar ocultar documentos e provas que o incriminavam em esquema bilionário de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef (foto). Em 19.mai, ele foi solto por ordem do STF
  • Os indícios de propina A PF apreendeu na casa do ex-diretor uma tabela contendo nomes de empresas e executivos, com anotações que indicam possíveis pagamentos a campanhas eleitorais
  • Nova prisão Em 11.jun, Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas atribuídas ao ex-diretor e seus familiares. As contas estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais. Costa foi preso novamente
  • A delação O ex-diretor da Petrobras deu o nome de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador –ligados ao PT, PMDB e PP– a quem ele teria repassado 3% do valor dos contratos da estatal
  • O acordo Em 22.ago, a PF cumpriu mandados em empresas ligadas ao ex-diretor. Costa aceitou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público para atenuar sua pena

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