Folha de S. Paulo


Dilma admite mau desempenho em SP e diz que fará propostas para o Estado

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, admitiu nesta terça-feira (7) seu mau desempenho eleitoral em São Paulo no primeiro turno das eleições. A petista teve quase a metade dos votos obtidos por seu adversário, Aécio Neves (PSDB), no Estado. A candidata afirmou irá apresentar propostas específicas para o Estado.

"Meu diagnóstico é assim simples: eu não tive voto. Não tem diagnóstico mais simples e mais humilde. Diagnostico que não tive voto. A gente pode fazer todas as suposições, mas tem que partir desse princípio e buscá-lo", afirmou Dilma ao final de uma reunião, em Brasília, que uniu os governadores e senadores eleitos da base aliada, e candidatos ao governo em segundo turno que disputam em estados onde não há racha com a base.

"Achamos o Estado de São Paulo muito importante. Pretendo dar toda atenção a São Paulo, olhar com muito cuidado propostas específicas para o Estado e ampliar o debate sobre os temas e melhorar a comunicação com todos os setores em São Paulo, sem exceção", disse.

Dilma teve apenas 25,82% (5,92 milhões de votos) dos votos válidos em São Paulo, enquanto Aécio angariou 44,22% dos votos (10,15 milhões).

Em contrapartida ao cenário ruim entre os paulistas, Dilma ressaltou sua vitória em Minas Gerais –seu Estado natal– e no Rio Grande do Sul, onde ela iniciou sua carreira política.

"Fiquei muito feliz por ter ganhado no meu Estado natal. E fiquei muito feliz também por ter tido uma votação importante no Nordeste e fiquei feliz também por ter tido uma votação boa no Norte. No Sul, no meu Estado também. Ou seja, quem me conhece, vota em mim", afirmou Dilma aproveitando para alfinetar Aécio, que teve uma derrota em Minas Gerais, Estado em que foi governador.

Dilma não quis se comprometer com uma expectativa de vitória em São Paulo. Questionada se achava que seria possível virar o jogo lá, ela disse apenas que irá "lutar para ganhar em todos os estados possíveis".

MARINA

Dilma não quis comentar também um eventual apoio de Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno, à sua candidaturas. "Ninguém pode abrir mão do apoio de ninguém. Mas sei perfeitamente também que ninguém é dono do voto do eleitor", disse.

Marina já sinalizou que irá apoiar Aécio Neves mas ainda condiciona algumas mudanças no programa de governo tucano, como o fim da reeleição. A pessebista deve anunciar sua posição na quinta-feira (9).

A candidata concedeu uma entrevista ao final da reunião com governadores e aliados realizada em um hotel de Brasília. Ela a voltou a apresentar propostas para um eventual segundo mandato e disse que irá focar em saúde e educação.

A presidente ressaltou ainda que está havendo uma polarização entre pobres e ricos no debate eleitoral. "Dizem que nós fazemos a política dos pobres e eles, a dos ricos. Isso é parcialmente verdadeiro. Nós tivemos preocupação fantástica de incluir os pobres no Orçamento mas nós também fizemos uma política em que todos ganharam. Por isso, há uma mudança significativa na estrutura de distribuição de renda do país", disse.

Questionada sobre as ofensas proferidas principalmente pelas redes sociais, em que muitas pessoas disseram que brasileiro não sabe votar, Dilma classificou a atitude como "lamentável" e disse ficar "estarrecida" quando ouve isso.

"É uma visão elitista do país. Somos uma potência econômica porque temos 202 milhões de habitantes. É uma visão muito atrasada não perceber que cada um tem a mesma importância. [...] Fico estarrecida quando ouço essa história porque vocês sabem o que acontecia quando se dizia que o povo não sabia votar", afirmou em referência à época da ditadura militar."


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