Folha de S. Paulo


Russomanno dobra bancada do PRB na Câmara e elege 'xerife' em SP

Um dia depois de ficar fora do segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2012 –após liderar boa parte da corrida–, Celso Russomanno traçou plano para reerguer sua carreira política e voltar a sonhar com o governo da capital paulista em 2016.

De volta ao trabalho na TV Record, ele negociou a transferência do quadro em que é paladino da defesa do consumidor, o trampolim de sua popularidade, das manhãs para as tardes. Assim, passou a ser visto por todo o Brasil, mas, especialmente, pelo interior paulista.

O segundo passo foi acertar com seu partido, o PRB, ligado à Record, que concorreria como deputado federal para puxar votos e aumentar a bancada, de olho na fatia de tempo na propaganda gratuita na TV, proporcional à parcela de deputados.

A julgar pelo resultado de anteontem, o acordo fechado com o presidente do PRB e ex-vice-presidente da Record, Marcos Pereira, foi "bom para ambas as partes", para citar o bordão que lhe deu fama na televisão nos anos 90.

Celso Russomanno foi o mais bem votado deputado federal do país, com 1,5 milhão de votos (7,26%), ajudou a mais que dobrar a bancada do PRB –de 10 para 21– e ainda emplacou um "discípulo" na Assembleia paulista.

Quando deixou o programa matinal "Balanço Geral" para assumir quadro no "Programa da Tarde", Russomanno deixou em seu lugar Jorge Wilson, "o xerife do consumidor". Jorge Wilson foi o 9º mais votado para o legislativo estadual (180.412 votos).

Para o PRB e a Igreja Universal, que lutavam para recuperar a bancada após escândalo dos Sanguessugas que dizimou a frente evangélica antes das eleições de 2006, o católico Russomanno, próximo do popular padre Marcelo Rossi, veio a calhar. Ampliou a base do partido sem desvios programáticos, numa união tática já em curso entre católicos e evangélicos no Congresso.

O deputado se diz em defesa "da família". "Para mim, casamento é feito entre homem e mulher", disse à Folha, após a vitória na Câmara. Sobre lei específica para casamento gay e quanto à criminalização da homofobia, ele disse que precisava "estudar o tema dentro do partido".

POLÊMICA, DE NOVO

"Vou ser candidato a prefeito. O que eu fiz a campanha inteira foi dizer que eu seria candidato, que as pessoas poderiam confiar", disse Russomanno nesta segunda, prestes a voltar à TV depois do veto pela campanha –além de puxador de voto, ele é puxador de audiência, para alegria da Record.

Soou otimista e se disse disposto a reapresentar inclusive a proposta de baratear passagem de ônibus para percursos curtos, "para estimular a economia dos bairros". A ideia explorada pela campanha petista em 2012, que argumentou que ela prejudicaria quem mora longe das zonas centrais, foi apontada como um fator para o derretimento das intenções de voto no deputado.


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