Folha de S. Paulo


Bombeiro preso por greve no Rio se elege deputado federal pelo PSOL

Preso em 2011, quando foi acusado de ser uma das lideranças da greve dos bombeiros no Rio, o cabo Benevenuto Daciolo, 38, surpreendeu o próprio partido, o PSOL. Ele foi um dos três eleitos para formar a bancada para a Câmara Federal. Os outros foram os já parlamentares Chico Alencar e Jean Wyllis.

Dos 22 presos naquela ocasião, cinco se candidataram a cargos legislativos e apenas Daciolo se elegeu. Obteve 49.831 votos.

"Fiz uma campanha em que os gastos não chegaram a R$ 30 mil. Sem os milhões de empresários ou construtoras. Fiz uma campanha falando com bombeiros, com policiais militares em cada canto deste Estado. E eles entenderam nossas propostas e demonstraram confiança em nossa luta. Realmente, a vitória é sobrenatural", disse Daciolo.

Daniel Marenco - 07.mar.13/Folhapress
Cabo Benevenuto Daciolo após audiência em quartel dos bombeiro no Rio; ele se elegeu deputado federal pelo PSOL neste domingo
Benevenuto Daciolo, que foi preso durante greve dos bombeiros no Rio, é eleito deputado federal

O deputado eleito diz que pretende, em seu mandato, tratar da qualificação dos profissionais de segurança pública, como também dos servidores da Educação. "Os policiais e bombeiros do Rio não podem ter os piores salários do país. Isso precisa ser revisto, junto com a qualificação de todos. Podemos pensar em profissionais com o terceiro grau", explica o cabo bombeiro.

Deputado estadual mais votado do país com pouco mais de 350 mil votos, Marcelo Freixo (PSOL) destaca que a liderança de Daciolo surgiu na greve dos bombeiros e se consolidou com o tempo. Freixo considera que essa eleição deve consolidar o espírito de bancada, tanto no âmbito federal como no estadual.

"Sabia que ele seria bem votado, mas não tínhamos a perspectiva de qual seria o tamanho. Afinal, ele veio forte e ficou à frente de outros nomes do partido. Mostramos o perfil da campanha do partido e as urnas deram o recado de que entenderam a nossa forma de campanha e de financiamento político. Essa sim é a nova política. Não apenas tratando de alianças, mas de doações", disse o deputado estadual.

Todas as doações de Freixo foram de pessoas físicas. Não houve empresas entre as doadoras de campanha. "Meus gastos atingiram R$ 195 mil. Isso significa 55 centavos por voto. Desafio outos candidatos fazer o mesmo cálculo", disse.


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