Folha de S. Paulo


Serra substitui Suplicy no Senado após 24 anos

O ex-governador José Serra (PSDB), 72, foi escolhido por 58% dos eleitores paulistas para o Senado, reabilitando a carreira do tucano após sucessivas derrotas.

Em segundo lugar, com 32%, o senador Eduardo Suplicy (PT), 73, deixará a Casa na qual ocupava cadeira desde 1991. A derrota pode significar o fim de sua carreira em cargos eletivos. Gilberto Kassab (PSD) ficou em terceiro, com 6% dos votos.

Serra obteve sua primeira vitória eleitoral desde 2006, ano em que levou o governo de São Paulo. Depois, perdeu as disputas para presidente, em 2010 (já perdera em 2002), e prefeito de São Paulo, em 2012. Não conseguiu disputar com Aécio Neves a indicação do PSDB para 2014.

Com o retorno ao Senado, para o qual já foi eleito para o período entre 1995 e 2002, Serra deve ser uma figura proeminente, seja em oposição a Dilma Rousseff ou em um governo Aécio.

Com a vitória de Serra, o PSDB passaria a ter, ao lado de Aloysio Nunes, duas das três vagas de São Paulo no Senado –mas isso apenas se Aécio perder, já que Aloysio é candidato a vice e seu suplente é do PMDB.

A última dobradinha de senadores tucanos paulistas existiu até 1994, com Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. Nos últimos anos, foi o PT que teve a maioria.

Pela manhã, após votar, Serra prometeu que, se eleito, faria "tabelinha" em defesa de São Paulo com o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB). Também disse que trabalharia por Aécio no segundo turno: "Estarei engajado sem a menor sombra de dúvida onde for mais necessário, mais conveniente".

Juca Varella/Folhapress
Governador de São Paulo reeleito, Geraldo Alckmin (PSDB), ao lado de José Serra, eleito senador
Governador de São Paulo reeleito, Geraldo Alckmin (PSDB), ao lado de José Serra, eleito senador

SUPLICY

Após a derrota, Eduardo Suplicy, o mais longevo senador paulista desde 1945, disse ter planos de dar aulas e palestras disse ter recebido convite para dar aula na USP Leste. Falou até em cantar "a sério" ao lado dos filhos músicos.

O petista soou mais sereno que seus apoiadores em movimentos sociais, que dizem ter perdido um aliado crucial no Congresso.

Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e colunista da Folha, lamentou: "A derrota não é só do Suplicy. É uma derrota para as organizações populares de São Paulo".

No PT, no entanto, o lamento pela derrota não é unâmime. Suplicy só garantiu a vaga na disputa pelo Senado após ameaçar trocar a legenda pela Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.

A cúpula do partido atribui o revés à teimosia do próprio senador, que insistiu em disputar a reeleição, quando o comando petista preferia que ele concorresse a deputado federal para puxar votos para a legenda, combalida na disputa após o mensalão.

Não há clareza sobre o futuro de Suplicy na legenda. Uma alternativa apontada por aliados seria encaixá-lo em alguma área da gestão do prefeito Fernando Haddad, mas gestões para tal ainda não ocorreram.

Apu Gomes/Folhapress
O senador Eduardo Suplicy (PT), votando em São Paulo
O senador Eduardo Suplicy (PT), votando em São Paulo

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