O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que ficou em segundo lugar no primeiro turno da disputa ao governo do Estado, disse após o anúncio do resultado que o peemedebista José Ivo Sartori foi "inteligente" ao evitar confrontos na primeira fase da eleição.
Sartori, que estava em terceiro lugar na maior parte das pesquisas, acabou liderando a eleição no Estado com 40,4% dos votos válidos e vai disputar o segundo turno contra Tarso, que fez 32,6%. Ana Amélia Lemos (PP), líder das intenções de voto na maior parte da campanha, ficou em terceiro lugar e está fora.
"A nossa votação foi a prevista, correspondeu às pesquisas que estavam rolando na mídia. Houve uma votação surpreendente do candidato do PMDB", disse Tarso.
| Sérgio Lima/Edu Andrade/Folhapress | ||
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| Os candidatos Tarso Genro (PT), à esq., e José Ivo Sartori (PMDB), que farão o segundo turno no RS |
Para o petista, Sartori "não apresentou programa" e não se contrapôs a ninguém nas discussões da campanha.
"O candidato do PMDB não participou do debate político no primeiro turno, ele correu pelas laterais. O debate que ocorreu no primeiro turno ocorreu entre esse candidato que vos fala e a senadora Ana Amélia. Isso proporcionou esse crescimento surpreendente. Não estava previsto nos levantamentos e pesquisas e não estava previsto por nenhum de nós."
Ana Amélia sofreu uma rápida queda nas pesquisas após o PT iniciar ataques na TV questionando um trabalho dela como funcionária comissionada no Senado nos anos 80. Nos debates promovidos, ela e Tarso trocaram acusações.
APOIOS NO SEGUNDO TURNO
Tarso anunciou a estratégia que usará para combater Sartori nas próximas semanas: vai tentar vinculá-lo a problemas de gestões passadas do PMDB no governo. Em entrevista, o petista afirmou que o partido adversário foi o responsável pelo "desmantelamento" de estruturas públicas e deixou as finanças estaduais em "xeque-mate".
O governador também disse que vai buscar o apoio do PDT, que foi derrotado na eleição ao governo com o candidato Vieira da Cunha. O PDT indicou três secretários para Tarso no mandato, mas entregou os cargos antes da eleição. "É um partido que é do nosso campo."
Tarso afirmou que o clima não é de desânimo na militância petista pelo segundo lugar e que a diferença para o peemedebista não é tão grande.
Ele citou que a vantagem do rival é inferior à que Ana Amélia tinha nas primeiras pesquisas da campanha.
ANA AMÉLIA
Protagonista de um dos resultados mais surpreendentes da eleição no país, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) atribuiu sua derrota na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul a "calúnias" feitas pelo PT.
A candidata liderou a maioria das pesquisas durante a campanha, mas se envolveu em uma troca de acusações com o governador Tarso Genro (PT), que estava em segundo lugar.
Com o acirramento do debate, cresceu a candidatura de José Ivo Sartori (PMDB).
"Até o final foi feita uma campanha respeitosa. Isso não aconteceu em relação aos nossos adversários. São coisas que não honram a tradição do Rio Grande. Falo de difamação e calúnia. Mas isso o tempo se encarregará de um julgamento maior dos detratores", disse Ana Amélia, na noite deste domingo (5).
O PT mostrou insistentemente na TV o fato de a candidata ter sido funcionária comissionada no Senado nos anos 80 ao mesmo tempo em que trabalhava como jornalista. Ela confirmou o emprego público e negou ilegalidades.
Ana Amélia afirmou que concorreu ao governo não por um "projeto pessoal de poder", mas por ter sido "convocada" pelo PP. Antes mesmo da confirmação de sua derrota, ela disse que iria priorizar a ajuda ao presidenciável tucano Aécio Neves no segundo turno.
Ela afirmou que não mostrou mais o tucano na TV por causa da legislação eleitoral. O PP nacional está formalmente coligado com Dilma Rousseff (PT).
Ana Amélia disse ainda que foi um grande feito de sua campanha ampliar as bancadas do PP na Câmara e na Assembleia gaúcha.