Folha de S. Paulo


PT e PMDB vão disputar o segundo turno no Ceará

Depois de 12 anos, e pela segunda vez na história, o Ceará volta a ter uma eleição disputada no segundo turno.

Com 100% dos votos apurados, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) tinham, respectivamente, 47,8% e 46,4% dos votos e se enfrentarão novamente em 26 de outubro.

O senador Eunício Oliveira liderou a disputa desde o começo da campanha, mas perdeu terreno na linha de chegada.

Apoiado sobretudo na imagem da presidente Dilma Rousseff (PT), Camilo cresceu 18 pontos nos últimos 37 dias. A campanha do petista foi a mais cara do Estado: gastou quase o dobro do adversário (R$ 11,3 milhões contra R$ 6,3 milhão) e teve o maior tempo de TV: 8min58s, contra 6min51s.

Licenciado do cargo na última semana, o governador Cid Gomes passou a dirigir um jipe pelas ruas da capital cearense pedindo votos para Camilo e fazendo "adesivaços" em carros.

Ele disse que Eunício "é um mentiroso contumaz. Mente de manhã, de tarde e de noite. É um tipo abjeto da política."

Já seu irmão Ciro Gomes, secretário da Saúde do Estado, fez o papel do "tira mau", usando o microfone em comícios para atacar o ex-aliado do PMDB.

Ciro acusou o peemedebista de ser "ladrão" por ter aumentado seu patrimônio de R$ 36 milhões para R$ 99 milhões nos últimos quatro anos, além de chamá-lo de "lambaceiro" e "pinotralha, mistura de Pinóquio com irmão Metralha".

Eunício disse estar processando o ex-ministro pelas declarações.

Ele afirmou ainda que "a população não aprova esse governo. Do lado deles, eles têm a máquina, a pressão, a opressão e a força. Do meu lado, só tenho o povo. Não tenho máquina, não tenho partido, só tenho o povo."

Já o candidato do PT disse que esta foi a "vitória da verdade sobre a mentira". "Estamos apresentando um projeto maior e vamos avançar ao segundo turno com o apoio de Dilma", acrescentou.

ROMPIMENTO

O peemedebista fez parte do governo dos Gomes até março deste ano. Ele buscou apoio de Cid para ser o candidato da situação no pleito de outubro –mas teve seu pedido recusado. Desde então, passou para a oposição e foi resgatar o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) para ser seu principal cabo eleitoral na campanha.

Tasso estava afastado da política desde a derrota na disputa para o Senado em 2010, mas topou voltar a disputar o cargo neste ano. Ele volta ao Congresso após conseguir 58% dos votos válidos, contra 39,3% de Mauro Filho (Pros), aliado de Cid Gomes.

A entrada do tucano, que é desafeto público dos irmãos Gomes, gerou constrangimentos para Eunício na largada da candidatura. Embora declarasse apoio a Dilma, no comitê do peemedebista foi distribuído material de campanha de Aécio Neves (PSDB) para agradar o novo aliado.

Mesmo tendo feito parte do governo Cid, Eunício não tem poupado críticas ao gestor nas áreas de segurança, saúde e combate à seca. Os principais questionamentos são sobre gastos públicos em obras faraônicas, como um mega-aquário de R$ 270 milhões quando 96% dos municípios do Estado estão em situação de emergência pela seca.


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