Folha de S. Paulo


Com problemas, urna biométrica atingiu 21 milhões de eleitores no país

Com problemas, as urnas biométricas foram usadas por mais de 21 milhões de eleitores neste domingo (5). O número representa 15% dos 142.822.046 eleitores aptos a votar e é bem superior aos 7 milhões de pessoas que já usaram a identificação eletrônica pela digital na última eleição, em 2012.

Ao todo, a ferramenta, usada para combater fraudes na eleição, foi adotada por 764 municípios atingindo 100% dos eleitores do Distrito Federal, Alagoas, Amapá e Sergipe. Na eleição passada, ela tinha sido usada em 299 cidades, em 24 Estados, sendo nenhum deles em sua totalidade.

Na eleição deste domingo, a urna biométrica acabou complicando a votação em ao menos quatro Estados, além do Distrito Federal. Eleitores encontraram filas e algumas seções tiveram o fechamento das urnas atrasado, como em Niterói, na região metropolitana do Rio.

Houve relato de problemas também nos Estados do Maranhão, Paraná e Rio Grande do Norte.

Edson Silva/Folhapress
Orientação é que mesário faça até oito tentativas de coletar impressão digital
Orientação é que mesário faça até oito tentativas de coletar impressão digital

No Maranhão, o candidato Flávio Dino (PC do B), que acabou vencendo a eleição, teve problemas com a identificação. Como não havia levado nenhuma outra identificação, teve que esperar que fossem buscar um documento original com foto para que pudesse votar.

Em Curitiba, onde o cadastro por biometria está em vigor desde a eleição passada, em 2012, houve filas de até 50 minutos para a votação. Em muitos locais, eleitores esgotaram o número máximo de tentativas para a identificação das digitais -oito. Lenços umedecidos eram usados nas seções para a limpeza dos dedos, algumas vezes sem sucesso.

Nesses casos, o número do título era digitado manualmente pelo mesário, e o eleitor procedia à votação na urna eletrônica. O próprio presidente do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), Edson Vidal Pinto, precisou de seis tentativas para votar na manhã deste domingo (5).

TREINAMENTO

O secretário de tecnologia da informação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Giuseppe Janino, afirmou no final da tarde que é preciso intensificar o treinamento dos mesários que atuam em seções de voto biométrico.

Janino afirmou ter havido relatos de atrasos pontuais em seções eleitorais devido à demora no processo de identificação, muitas vezes causado por um mal posicionamento do dedo no leitor. Em muitos locais, eleitores esgotaram o número máximo de tentativas para a identificação das digitais –oito.

"Identificamos grande necessidade de amadurecimento desta prática [da biometria], dessa funcionalidade, e capacitação maior dos nossos colaboradores", disse. "O problema não é generalizado. Se examinarmos o DF, verificamos que [a demora acontece em] menos de uma dezena de seções (...) os eventos são bastante pulverizados".

PASSO A PASSO

Para utilizar a urna biométrica, o eleitor munido de documento com foto e título de eleitor se identifica em sua seção eleitoral e, após a identifcação, coloca a sua digital na máquina de leitura acoplada à urna.

Os mesários permitem que sejam feitas até oito tentativas. Após ser identificado pela digital, a urna é automaticamente liberada para o eleitor. Ele vai até a cabine, onde vota em seus candidatos.

A princípio, esse processo de votação deveria durar apenas um minuto.


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