Folha de S. Paulo


Em meio a onda de ataques, votação em SC ganha policiamento especial

Os postos de votação em Santa Catarina estão sob forte esquema policial por causa da onda de violência que atinge o Estado há dez dias.

Até as 10h deste domingo (5), a Polícia Militar havia registrado 99 ocorrências em 30 cidades, a maioria atentados contra prédios da polícia e casas de policiais, além de ônibus do transporte coletivo.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, 15 mil homens das polícias Militar e Civil trabalham na proteção dos 3.900 postos de votação do Estado.

O Exército também participa da operação, com mil homens. O emprego das Forças Armadas foi definido na tarde de sábado (4).

A Força Nacional de Segurança também está no Estado. São 33 homens encarregados de ajudar a polícia local em barreiras dentro das cidades e nas divisas com Paraná e Rio Grande do Sul.

Esta é a primeira vez que uma eleição em Santa Catarina tem apoio das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança.

Na Grande Florianópolis, a região mais atingida pelos ataques, o número de agentes de segurança nas ruas chamou a atenção de eleitores que saíram cedo de casa para votar.

"Olhando tanto policial assim a gente pensa que a situação é mais grave do que se imagina", disse a cabeleireira Vanessa Correia, 45, que votou no bairro Kobrasol, em São José.

"É bom que tenha esse monte de polícia na rua. Eles [os bandidos] não têm amor à vida e podem tentar fazer alguma coisa para chamar a atenção", disse a comerciante Valquíria Linhares, 54, que votou no centro de Florianópolis.

Jeferson Bertolini/Folhapress
Homens do Exército montam barreira no entorno do Instituto Estadual de Educação, um dos maiores postos de votação de Florianópolis
Exército monta barreira no entorno do Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis (SC)

REFORÇO

Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), 24 cidades de Santa Catarina receberam reforço do Exército neste domingo.

O diretor-geral do TRE-SC, Sérgio Manoel Martins, informou que as equipes foram enviadas a cidades em que juízes eleitorais consideraram o efetivo da Polícia Militar insuficiente.

Em Florianópolis, o Exército colocou equipes nos quarteirões de acesso aos postos de votação. "A orientação que passaram é para a gente ficar mais afastado. A PM vai ficar mais perto", disse um militar de serviço no Instituto Estadual de Educação, um dos maiores pontos de votação da capital catarinense.

Apesar do policiamento extra, os ataques não cessaram. Entre 0h e 7h deste domingo, a Polícia Militar registrou sete ocorrências em cidades do sul, na serra e em Grande Florianópolis —nenhuma delas em postos de votação.

Uma das mais ousadas ocorreu por volta de 1h em Palhoça, na Grande Florianópolis, onde bandidos dispararam contra o prédio do Deap (Departamento de Administração Prisional).

Segundo a PM, cinco tiros foram dados por homens que passaram pelo local em uma moto escura. Ninguém ficou ferido.

Em Florianópolis, a investida mais ousada ocorreu às 4h40, no bairro Canasvieiras, onde criminosos queimaram uma caminhonete da PRF (Polícia Rodoviária Federal) estacionada no pátio de um condomínio.

Segundo o governo do Estado, os ataques têm sido organizados por grupos criminosos em retaliação ao cerco policial contra o tráfico de drogas e armas.

No sábado (4), 20 presos considerados mandantes dos atentados foram transferidos para a penitenciária federal de Porto Velho (RO).


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