Folha de S. Paulo


Caçadores de votos ajudam candidatos em bairros da periferia de São Paulo

Ao negociar durante anos com o governo a regularização de terrenos na periferia de São Paulo e melhorias para seus bairros, representantes comunitários acabaram se aproximando dos políticos. Alguns deles se filiaram a partidos e tentam puxar votos de seus vizinhos para os candidatos que apoiam.

A ligação com esses militantes é um dos motivos para a boa votação que o PT teve em bairros do extremo leste e sul da cidade nos últimos pleitos. Em 2010, Dilma teve 65% dos votos no Grajaú já no primeiro turno.

Nos textos a seguir, correspondentes do blog Mural mostram técnicas usadas por esses líderes para ajudar os candidatos com quem se identificam, como organizar visitas dos presidenciáveis aos bairros e igrejas, ir de casa em casa para falar de propostas e facilitar o acesso a serviços públicos como saúde e o cadastro do Bolsa Família.

Danilo Verpa/Folhapress
GUARULHOS - SP - 27.09.2014 - Retrato da d. Maria Cicera Barros dos Santos, 48, assistente social. Ela e uma militante e puxadora de votos do PT na periferia de Guarulhos, ha quatro eleicoes. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, PODER)

Maria Cícera Barros dos Santos da Fonseca, 48, ou simplesmente dona Cícera, tem "política no sangue". Carismática e "com vontade de levar progresso" ao Conjunto Marcos Freire, na periferia de Guarulhos, tornou-se líder comunitária, petista de carteirinha e uma importante puxadora de votos na região. Leia: Ex-comerciante, Cícera hoje vende o PT em Guarulhos.

Gustavo Epifanio/Folhapress

Em Itaquera, na zona leste de São Paulo, dois padres ocupam o papel de lideranças comunitárias do bairro, mas têm posições opostas na política: um é próximo ao PT e o outro tem laços históricos com o PSDB. Ligados a movimentos sociais, Paulo Bezerra e Rosalvino Viñayo são referências em discussões públicas, atraem políticos às suas igrejas e podem influenciar na decisão do eleitorado católico da região. Leia: Padre vermelho e padre azul colorem disputa eleitoral em Itaquera.

Rahel Patrasso/Xinhua

"Paraisópolis já decidiu, é com Marina para mudança do Brasil. Eu quero ouvir... Mais uma vez: 'um, dois, três, quatro, cinco mil, Gilson e Marina pra mudança do Brasil'", conclamava ao microfone Rejane dos Santos, 29, presidente da Associação de Mulheres de Paraisópolis, durante a visita da candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, na quarta-feira (1º), em Paraisópolis, na zona sul da capital. Leia: Na favela Paraisópolis, maior apoiador de Marina é o baiano Gilson Rodrigues.

Um dos primeiros moradores de Jardim Rodrigo, perto de Taipas, na zona norte de São Paulo, o assessor parlamentar Isaías Virgínio da Silva, 67, mais conhecido como Batatinha, começou a atuar no bairro nos anos 1980, quando a área recebia suas primeiras casas. Ele afirma que é comum moradores o procurarem para saber quais deputados ou vereadores ele irá apoiar. "Isso acontece por falta de participação. Se as pessoas participassem mais desses movimentos no bairro, eles saberiam quais políticos estão atuando mais de perto." Leia: De cachecol e chapéu vermelhos, Batatinha é a voz petista em Taipas.


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