Folha de S. Paulo


Em carta, chefe dos Correios em Mato Grosso pede voto a Dilma

O sindicato que representa servidores dos Correios em Mato Grosso entrou com representação na Justiça Eleitoral sobre suposto uso da estrutura da instituição para favorecer a candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT) e de outros candidatos no Estado.

A entidade diz que o diretor regional da instituição, Nilton do Nascimento, usou indevidamente o banco de dados funcional da entidade para enviar cartas com pedidos de voto a todos os 1.700 funcionários da instituição no Estado. A empresa negou e afirmou que o diretor promoveu as ações em caráter particular.

A carta afirma que o Brasil "precisa avançar mais" e que "somente o governo Dilma" pode "ampliar os programas sociais e econômicos".

"Pedi o seu voto em 2010 e conquistamos muito com isso [...] isso só foi possível graças ao seu voto para o governo do PT", diz o documento.

Na representação, o sindicato afirma que as cartas foram produzidas a partir de acesso privilegiado ao cadastro funcional da empresa. E que custaram menos da metade do valor devido.

"As cartas foram enviadas com três selos de R$ 0,20, quando deveriam ter custado R$ 1,30", disse o presidente do sindicato, Edmar Leite.

A rapidez na entrega das correspondências também chamou a atenção da entidade. De acordo com Leite, as remessas seguiram "em velocidade superior ao do Sedex [o sistema expresso de entregas dos Correios]."

"Tem que ter havido prioridade em relação às outras correspondências", diz o presidente.

Além de votos à reeleição da presidente, o diretor pediu ainda por Lúdio Cabral, candidato petista ao governo, o candidato a senador Wellington Fagundes (PR) e os candidatos petistas a deputado Saguas Moraes (federal) e Ademir Bruneto (estadual).

"Necessário de faz votar também nos parlamentares que apoiam a Dilma presidente [...] pois são eles que darão a sustentação", diz outro trecho da carta.

O suposto uso da estrutura dos Correios para favorecer o PT nas eleições vem sendo alvo de questionamentos por parte do candidato tucano Aécio Neves, cuja coligação pediu à Justiça Eleitoral a abertura de investigação.

OUTRO LADO

Em nota, a assessoria dos Correios em MT negou as acusações do sindicato. Afirmou que o diretor enviou as 670 malas diretas locais e estaduais "na condição de cidadão", sem uso da estrutura da estatal e com recursos próprios –afirmou que as postagens seguiram preço de tabela.

"Não houve uso da infraestrutura pública para o envio. [...] Não houve operação especial para a entrega e os objetos seguiram o fluxo postal previsto para esta modalidade de serviço", informou.

A empresa disse que o diretor participou de reunião fora do expediente e da instituição, e negou perseguição de cunho político a funcionários. "A participação do profissional, como cidadão, nessa ou em outra atividade, fora do âmbito dos Correios e fora do seu expediente de trabalho, diz respeito à pessoa e não à empresa", disse.

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