Folha de S. Paulo


Ferramentas avaliam desempenho de deputados e ajudam escolha de eleitor

O que vale mais? O deputado que foi a todas as sessões na Câmara, o que gastou menos dinheiro para se eleger ou aquele que é reconhecido como influente no plenário e fora dele?

Para avaliar o desempenho dos parlamentares, tão centrais para engrenagem política brasileira como desacreditados pela opinião pública, sites e rankings disponíveis na internet se propõem a ajudar o eleitor a fazer essas avaliações e municiar a escolha do próximo domingo -segundo o Datafolha do último dia 19, 70% dos eleitores não sabem ainda em quem vão votar.

Usando essas ferramentas, a Folha selecionou os 15 mais bem posicionados concorrentes paulistas à reeleição para a Câmara Federal com base em quatro critérios: os mais bem votados; os que gastaram menos por voto; os mais assíduos nas sessões do plenário; e, por fim, os com maior produção legislativa (veja as listas nesta página).

A reportagem inclui ainda os 17 paulistas mais influentes na Câmara nos últimos quatro anos. Elaborado pelo tradicional Diap, órgão composto de 900 entidades sindicais de assessoria parlamentar, o levantamento leva em conta a posição hierárquica do político, a percepção que outras pessoas têm dele e sua capacidade de influenciar escolhas.

Os que aparecem na lista se destacam, em geral, pela habilidade de levar adiante as agendas que defendem –seja como articuladores políticos, influenciadores ou formuladores de políticas públicas.

A análise, no entanto, não entra no mérito da qualidade das bandeiras defendidas. O legislador pode ser um bom defensor dos interesses sindicais ou um astuto negociador de alianças dentro e fora de sua legenda.

Editoria de Arte/Folhapress

CUSTO DO VOTO

Dois dos rankings, o de custo por voto e o do índice de produtividade legislativa, foram retirados do site Atlas Político, criado neste ano por doutorandos de Harvard com recursos próprios e financiamento da Fundação Lemann.

O site tem um ranking geral próprio para senadores e deputados com base em cinco indicadores e o posicionamento relativo deles em plenário (governo/oposição e esquerda/direita).

"O que vimos nos protestos de junho foi a vontade de mudar a política, de fazer a reforma política. A nossa ideia é oferecer uma plataforma para que a reforma política possa começar a partir das pessoas, da forma que escolhem seus representantes", diz o cientista político Andrei Roman, criador do site ao lado de Thiago Costa, PhD em matemática aplicada.

O Atlas disponibiliza o volume de doações de campanha e os maiores contribuidores individuais delas, tanto para a campanha de 2010 como para a atual (com dados parciais).

Na ficha dos parlamentares, a ferramenta expõe o custo do voto por candidato porque considera que campanhas milionárias distorcem o sistema eleitoral brasileiro, dificultando a competição entre iguais.

"Gastos gigantes com campanhas eleitorais [...] colocam suspeitas sobre as fontes de financiamento de campanha, sendo uma prática bastante comum a recuperação dos gastos de campanha através do desvio de fundos públicos", escrevem.

O ranking de produtividade legislativa do site leva em conta tanto projetos de lei como emendas constitucionais apresentadas. O índice vai de 0 a 1 e, quanto maior o valor, mais ativo o parlamentar. Não há diferenciação entre projetos relevantes ou irrelevantes (troca de nome de praças ou sessões de homenagens, por exemplo). "Colocamos um teto para neste indicador de forma que o intuito dele é mais de penalizar os deputados que não fazem nada do que recompensar aqueles com um monte de projetos", diz Roman.

Para Natália Paiva, coordenadora de projetos da Transparência Brasil, o essencial para o eleitor é discernir claramente os critérios que guiam as classificações e rankings e avaliar com qual deles concorda. A organização mantém o site Excelências, com dados sobre mandatos de parlamentares e dos atuais postulantes. Do banco de dados da Transparência vieram as estatísticas sobre assiduidade parlamentar utilizadas nesta reportagem.


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