Folha de S. Paulo


Presidente dos Correios rechaça acusações de Aécio Neves

O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, rechaçou nesta quinta-feira (2) as acusações de que a estatal tenha cometido crime eleitoral ao distribuir material de campanha da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT. Oliveira afirmou que a empresa, há 20 anos, distribui material de campanha de qualquer candidato ou partido pela modalidade de mala direta.

Oliveira convocou uma coletiva de imprensa na tarde de hoje para também rebater as acusações feitas pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, de que correspondências e material de campanha do PSDB não foram distribuídos em Minas Gerais, conforme contrato fechado com a estatal.

"É uma entrevista coletiva convocada para elucidar um produto concorrencial dos correios, previsto em legislação. É em defesa da imagem da instituição que está sendo atacada por algumas pessoas durante o período eleitoral", disse. Além de Oliveira, acompanharam a coletiva os oito vice-presidentes da empresa.

Nesta quarta (1º), Aécio passou o dia acusando o PT e a campanha da presidente Dilma de usarem os Correios para prejudicar o PSDB em Minas Gerais, berço político do tucano. Ele disse ter recebido "centenas de denúncias nas últimas 24 horas" de que a estatal deixou de entregar correspondências e material de campanha do partido no Estado.

"Há uma polêmica em relação a um cliente específico, e como estamos aqui para deixar claro que o trabalho dos Correios obedece rigidamente a processos legais e a credibilidade dos Correios não será afetada por acusações descabidas e injustas", afirmou Oliveira. Ele informou que a empresa está estudando adotar medidas judiciais contra as acusações feitas por Aécio.

Segundo Oliveira, o material tucano que não havia sido entregue inicialmente, foi reenviado aos destinatários. Ele disse que podem ocorrer situações em que o carteiro não consegue entregar o material e por isso faz a devolução dele. A campanha tucana, por outro lado, afirma que não poderia ser feito o reenvio porque não entregou novo material à empresa.

"Relatados os problemas, nós fomos atrás das soluções, inclusive com o reenvio do material em alguns casos. Não procede essa informação [do PSDB]. Não é extravio. É tentativa de entrega que não foram bem-sucedidas", explicou. Segundo Oliveira, ele não recebeu nenhuma outra reclamação de falta de entrega de material.

A campanha de Aécio vai pedir nesta quinta que a Justiça Eleitoral investigue denúncias de abuso de poder e uso da máquina do governo federal em prol de Dilma.

Além da distribuição pelos Correios de 4,8 milhões de folders pró-dilma sem chancela (CNPJ e nome do candidato ou coligação) e da denúncia de que cartas com mensagens de tucanos não foram devidamente entregues pelos carteiros em Minas Gerais, o PSDB prepara um pacote de supostas irregularidades já veiculadas para a Justiça apurar.

CAMPANHA PETISTA

Durante a coletiva, Oliveira negou que funcionários dos Correios estejam atuando em favor de campanhas petistas durante o horário de expediente. Reportagem publicada pelo "O Estado de S. Paulo" revelou a gravação de um vídeo no qual um deputado estadual petista de Minas Gerais afirma que Dilma Rousseff (PT) devia seu bom desempenho no Estado "à contribuição" dos Correios.

"Os Correios não mobilizam funcionários para nenhuma campanha. Como cidadãos, eles se mobilizam livremente. Em Minas, os funcionários dos Correios têm um núcleo de logística de petistas. Eles fazem do jeito deles, mas fora do horário de trabalho. [...] Tenho absoluta certeza de que não houve prática de crime eleitoral pelos Correios", disse ao explicar que a reunião mostrada no vídeo aconteceu durante a noite.

O presidente defendeu também a conduta de um carteiro de Osasco (SP) flagrado distribuindo panfletos da campanha de Dilma. Em um vídeo que viralizou pelas redes sociais nesta quinta, o carteiro distribui o material em uma rua residencial e entrega um dos panfletos para a pessoa que gravou o vídeo. O material não apresenta a chancela dos Correios.

"O carteiro, pelo que eu vi, cumpre a sua função de distribuir o material por mala direta domiciliária não endereçada. Mas é óbvio que se a gente identificar o carteiro e ver que não era mala direta, vamos questionar porque ele estava fazendo isso. Vamos avaliar a rota dele e ver se está certo. Isso vai ser feito. Se ele fez a rota certa e cumpriu o seu papel, acabou a história", disse.

ENTREGAS

De acordo com os Correios, até a última terça-feira (30), a empresa havia entregue 141,7 milhões de propagandas impressas em todo o país, o que gerou uma receita para a empresa de R$ 39,9 milhões.
Segundo a estatal, 17 partidos e 1.835 comitês e candidatos contrataram os serviços de mala direta para distribuir o material de campanha.

Do material entregue, quase um quarto, 34,2 milhões, tinham um destinatário identificado e o restante, 107,5 milhões, não tinham endereço especificado e foram entregues em regiões pré-determinados pelos partidos e candidatos.

A empresa mostrou também os dados de entrega em Minas Gerais, onde foram entregues 32,7 milhões de objetos de material de campanha, o que gerou uma receita de R$ 8,9 milhões.

Oliveira fez questão de detalhar a entrega de material tucano no Estado. De acordo com ele, os Correios entregaram 13,1 milhão de correspondências e material de campanha do PSDB, o que representa 40% do total de objetos entregues no Estado.

Questionado sobre os dados dos demais partidos, Oliveira afirmou que não os tinha e que não seria possível levantá-los. "Não tenho como detalhar os números do país inteiro. Esse dado que estamos mostrando aqui é justamente porque foi colocado em dúvida o trabalho correto dos Correios", disse.


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