Folha de S. Paulo


Petista quer chefe da Fazenda ligado a empresários

Diante da certeza de reação negativa do mercado caso seja reeleita, a presidente Dilma Rousseff avalia que será inevitável buscar uma convivência mais próxima e amigável com o setor privado para reconquistar sua confiança e destravar investimentos.

Nesta estratégia, interlocutores da presidente dizem que o perfil do futuro ministro da Fazenda será de alguém com "excelente relação" e "livre trânsito" com o empresariado –para reconstruir "pontes".

A avaliação é que o ideal substituto de Guido Mantega, economista do PT, é um empresário ou executivo com inserção no mundo privado. Nomes são citados, mas Dilma só decidirá após as eleições.

Na relação estão Josué Gomes da Silva, da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, Abílio Diniz, da BR Foods, e Fábio Barbosa, com passagem por bancos e hoje no comando do Grupo Abril.

Um conselheiro presidencial diz que o futuro titular da pasta não precisa ser um economista nem um nome para tentar uma reconciliação com o mercado financeiro, dada a postura que este assumiu contra Dilma na campanha.

Nos últimos dias, a Bolsa de Valores caiu e o dólar subiu diante de pesquisas mostrando o favoritismo da petista. Nesta quarta-feira (01), o mercado de ações recuou mais de 2% e o dólar fechou em alta de 1,5%, valendo R$ 2,485.

Segundo um interlocutor de Dilma, o importante será escolher um nome que também sinalize o fim da era intervencionista do governo, marca do primeiro mandato.

Em sinal de que o resgate dessa convivência não será tranquilo, dilmistas preveem dificuldades de empresários renomados aceitarem um convite. Nesse caso, a solução caseira poderia ser o presidente do BNDES, Luciano Coutinho –que, pela função, se aproximou do empresariado.

Para o ex-presidente Lula, que apitou pouco na política econômica de sua sucessora, a melhor alternativa ainda é Henrique Meireles, ex-chefe do Banco Central. Dilma, porém, não dá sinal que inclua Meireles nas apostas.

O PT gostaria do economista Nelson Barbosa (ex-número dois da pasta), mas a presidente tergiversa sobre ele.


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