Candidata à Presidência da República, a ex-senadora Marina Silva criticou no final da noite desta segunda-feira (29) a falta de experiência legislativa da presidente Dilma Rousseff para defender-se das acusações de que mentiu em relação às posições adotadas por ela em votações da CPMF.
Para a ex-senadora, a campanha de Dilma utiliza "fragmentos de um processo legislativo" para "criar esse tipo de distorção".
"Obviamente, uma pessoa como a Dilma, que nunca foi vereadora, deputada, [nunca teve] qualquer mandato político, tem uma certa dificuldade de entender o trâmite legislativo de uma proposta", afirmou a candidata em entrevista no Recife após comício que terminou pouco antes das 23h30.
Marina disse que as acusações são uma "versão" construída por "assessores e marqueteiro".
"Eu não seria ingênua de inventar uma coisa dessas sabendo que isso fica nos anais do Congresso", afirmou. "Fico tranquila em relação a todas essas coisas porque eu sei o que que eu fiz, o que estou dizendo, a que estou me referindo".
A campanha petista tem acusado Marina de mentir em relação à sua postura. A candidata do PSB vem dizendo que foi favorável à CPMF, o que é contestado pela adversária do PT.
Marina disse que defendeu a CPMF enquanto a contribuição estava vinculada a um fundo de combate a pobreza, e que mudou o voto quando houve uma redução do percentual dessa associação.
Em sua entrevista, Marina criticou ainda o fato de Dilma Rousseff ainda não ter apresentado seu programa de governo e de o senador Aécio Neves (PSDB) só ter apresentado seu documento nesta segunda-feira. "Ninguém pode disputar a Presidência de um país como o nosso sem apresentar um programa ou apresentar faltando cinco, seis dias para a eleição", afirmou.
DISCURSO
Marina também criticou Dilma e Aécio no discurso que fez no palco montado no Cais da Alfândega, no centro do Recife, à margem do rio Capibaribe. Foi o segundo ato dela no Estado no mesmo dia. Horas antes, havia discursado em Caruaru (agreste).
Em discurso em que citou Nelson Mandela, Mahatma Gandhi e Martin Luther King como exemplos que afirma seguir, se disse alvo da campanha petista. "A Dilma tem quase 12 minutos na TV para falar bem dela e mal da gente", afirmou, dizendo-se "atacada de manhã, de tarde e de noite".
"Eles podem mentir o quanto quiserem, podem caluniar o quanto quiserem. Eles não vão mudar uma coisa: a verdade será sempre a verdade, não importa onde esteja", disse.
Marina também defendeu o Estado laico e os direitos humanos, condenando preconceitos.
A ex-senadora terminou seu discurso criticando a polarização de PT e PSDB: "Agora chegou a hora da onça beber água".