Folha de S. Paulo


Dilma diz que posições de Marina e Aécio sobre BNDES são 'temeridade'

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, convocou uma entrevista coletiva no fim da tarde desta segunda-feira (29) para exaltar o papel e o desempenho do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e criticar as posições de Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) em relação à instituição.

Depois de citar alguns números positivos do banco, Dilma afirmou que "é uma leviandade tratá-lo como vem sendo tratado nesta campanha".

"É uma temeridade essa discussão a respeito da redução do papel dos bancos públicos", disse. "Esse é um pleito absurdo, que é tirar o maior instrumento de financiamento de longo prazo do país. Os dois candidatos, Marina e Aécio, ambos falam [sobre isso]. Um fala em reduzir o tamanho, outro fala em reduzir o papel dos bancos públicos".

A presidente classificou como "factoide" a ideia de que exista a chamada política de campeões nacionais conduzida pelo governo. "Uma das coisas que tem sido dita é que o BNDES escolhe empresas brasileiras para investir em detrimento de outras. O problema é que os números contrariam essa informação. Das mil maiores empresas, 783 têm financiamento do BNDES. E essas 783 respondem por 84% do investimento na indústria", citou.

Entre os números positivos do BNDES, a petista mencionou seus ativos de US$ 368 bilhões (atrás apenas de um banco chinês e outro alemão), o lucro de R$ 5,5 bilhões no primeiro semestre de 2014 e a taxa de 0,06% de inadimplência, considerada baixa.

A ideia de uma política de campeãs nacionais começou no governo Lula. Baseava-se na escolha de empresas que seriam patrocinadas com o apoio do banco para virar multinacionais e sobreviver no competitivo mercado internacional.

O caso mais lembrado e criticado é o do setor de carnes, até pouco tempo atrás disputado entre quatro grandes frigoríficos. O BNDES chegou a constar como sócio de três deles. Dos quatro, dois quebraram, um está com dificuldades e um se agigantou, o JBS, dono da marca Friboi.

Entre financiamento e compra de participação, o BNDES injetou cerca de R$ 9,5 bilhões no JBS. Com isso, tornou-se o segundo maior acionista do negócio, com 24%.

HOMOFOBIA

A pedido de uma repórter, que pediu para a presidente comentar as declarações agressivas sobre homossexuais de Levy Fidelix (PRTB) no debate na Record, Dilma repetiu que é contra a homofobia. "Não podemos conviver com processos de discriminação que levem à violência", afirmou. "Eu acho que a homofobia tem de ser criminalizada", completou.

Dilma lembrou ainda da decisão do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu todos os direitos civis nos casos de união entre pessoas do mesmo sexto. "Leis e decisões do Supremo existem para serem cumpridas."

Colaborou DAVID FRIEDLANDER


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