Folha de S. Paulo


Dilma chama de 'factoide' reportagem de revista com denúncia de Costa

A presidente Dilma Rousseff classificou, neste sábado (27), como "factoide" a reportagem da revista "Veja" que relata que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa diz ter recebido um pedido de contribuição de R$ 2 milhões para a campanha de Dilma à Presidência em 2010.

Durante agenda de campanha em Brasília, ela fez críticas à publicação.

"Isso é um factoide da revista ´Veja´, que ela costuma colocar em suas páginas às vésperas da eleição. A minha campanha tinha tesoureiro, o deputado José de Filippi. E foi ele que apresentou as minhas contas para Tribunal Superior Eleitoral, assinou-as, arrecadou-as e teve as contas aprovadas. O resto é factoide pré-eleitoral da revista."

De acordo com o depoimento de Costa no processo de delação premiada, o pedido de dinheiro foi feito, segundo a revista, pelo ex-ministro Antonio Palocci, que era um dos coordenadores da campanha de Dilma.

A delação foi acertada por Costa no fim de agosto, com a Justiça do Paraná, para tentar reduzir sua eventual pena em caso de condenação no caso da Operação Lava Jato.

Deflagrada em março pela Polícia Federal, a operação descobriu um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa.

Em viagem ao exterior, procurado pela Folha, Palocci se manifestou por meio de seu advogado, José Roberto Batochio. O petista diz conhecer Paulo Roberto Costa, por causa do cargo que o ex-diretor ocupou na Petrobras, mas "nega veementemente e repudia essa manobra eleitoreira".

Segundo a revista, Costa não detalhou se a contribuição acabou sendo feita e por quem, mas disse que Palocci não o procurou mais depois disso. A reportagem também afirma que o pedido foi encaminhado ao doleiro Alberto Youssef, também preso na Lava Jato e que negocia delação premiada. De acordo com a publicação, Costa relatou que os R$ 2 milhões sairiam da "cota do PP" na Petrobras.

Youssef era o operador financeiro do esquema bilionário que, segundo apontam as investigações, envolvia políticos e pode ter alimentado caixa dois de partidos. O doleiro seria o responsável por lavar dinheiro e repassar os recursos desviados a políticos.

Em reportagem anterior, a revista "Veja" indicou ainda que Costa já havia citado os nomes de parlamentares que recebiam propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-SP), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos do doleiro.

Editoria de Arte/Folhapress

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