Folha de S. Paulo


Juiz nega à CPI da Petrobras acesso à delação de ex-diretor

O juiz federal Sergio Moro recusou nesta segunda-feira (21) o acesso à delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa feito pela CPI da Petrobras, CGU (Controladoria Geral da União) e a Petrobras. A liberação pode ocorrer no futuro, de acordo com o juiz.

A força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato, que fez o acordo, foi contrária à liberação da delação.

A razão da negativa é simples: a delação é protegido por sigilo e será anulada caso seu teor seja conhecido antes da conclusão do julgamento.

O juiz liberou, no entanto, o depoimento da contadora Meire Pozzo, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef, para a CPI da Petrobras. A contadora relatou que Youssef recebeu de empreiteiras por serviços de consultoria que não prestou.

Os procuradores sustentam que os recursos pagos pela empreiteiras eram para o repasse de propina.

Moro cuida da parte da delação que não cita políticos com foro privilegiado. A parte que trata dos parlamentares foi enviada ao ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Costa decidiu contar o que sabe sobre subornos na Petrobras no dia 29 de agosto em troca de uma pena menor. Ele citou, segundo a revista "Veja", o nome de 12 parlamentares que recebiam propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-SP), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos do doleiro.

Na última sexta-feira (19), a presidente Dilma Rousseff (PT) disse que pedirá ao STF o acesso a dados da delação pois não confia na informação, vinda da imprensa, de que ao menos um ministro de Estado foi citado na lista de políticos envolvidos com esquema de corrupção na estatal.

A declaração ocorreu no mesmo dia em que Paulo Roberto ficou calado diante de parlamentares que integram a CPI.

No último sábado (20), a Folha revelou que Costa citou outras duas diretorias da Petrobras que estão envolvidas em delitos: a de serviços internacionais, que foi ocupada por Nestor Cerveró, e a de serviços e engenharia, na qual estava Renato Duque. Cerveró foi indicado por peemedebistas e Duque pelo ex-ministro José Dirceu.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: