Pouca coisa mudou na nova pesquisa Datafolha sobre a disputa ao governo do Paraná. O quadro é estável: Beto Richa (PSDB) na frente, com 44%, Roberto Requião (PMDB) em segundo, com 30%, e Gleisi Hoffmann (PT) mais atrás, com 10%.
Mas há detalhes interessantes. Pela primeira vez, por exemplo, o instituto fez a contagem de votos válidos, que mostram um cenário incerto sobre a possibilidade de segundo turno no Estado.
Estelita Hass Carazzai -1°.fev.2014/Fofolhapress | ||
Beto Richa (PSDB) participa de evento com Gleisi Hoffmann (PT) no interior do PR, em fev. deste ano |
*
Veja, abaixo, seis curiosidades sobre a pesquisa:
1) Haverá segundo turno?
Essa ainda é uma dúvida no atual cenário. Pelos votos válidos (que excluem brancos, nulos e, no caso desta pesquisa, indecisos), Richa tem 52%. Isso seria suficiente para a vitória em primeiro turno, com 50% mais um.
Porém, com a margem de erro (de três pontos percentuais, para mais ou menos), o cenário permanece indefinido.
Requião tem 35% dos válidos, e Gleisi, 12%. Qualquer oscilação a favor dos dois já levaria ao segundo turno.
O atual governador quer liquidar a fatura no dia 5 de outubro, porque sabe que um segundo turno "é uma nova eleição", como costumam dizer seus coordenadores.
Por isso, já anunciou que irá se licenciar na última semana antes da votação, a partir do dia 29, para se dedicar em tempo integral à campanha.
2) Onde Requião se fortaleceu
Requião oscilou dois pontos para cima, dentro da margem de erro. Mas é possível encontrar segmentos do eleitorado em que o peemedebista ampliou sua votação com relação a Richa, o que ajuda a explicar essa diferença.
O principal está em Curitiba e na região metropolitana, um dos mais importantes polos eleitorais do Estado e onde Richa havia conseguido subir consideravelmente no último mês.
Agora, Requião voltou a ganhar terreno. Foi de 28% para 37% –seu melhor índice. Richa, que antes tinha 39%, agora tem 36%.
Ou seja, os dois estão empatados na região. O senador também ampliou sua votação entre os eleitores com maior escolaridade: de 27% para 33%.
3) Onde Richa mantém vantagem
O atual governador manteve-se bem colocado nos municípios do interior, que lideraram sua arrancada na última pesquisa.
Tem 47% de intenções de voto no interior, contra 27% de Requião. Consolidou sua vantagem tanto em cidades pequenas (com menos de 50 mil habitantes), onde tem 43%, quanto nas médias (entre 200 e 500 mil), com 52%. Também angariou mais votos entre os mais ricos: pulou de 47% para 54%.
4) Gleisi ainda patina
Nada de fazer efeito, por enquanto, o intensivo da campanha da ex-ministra nos últimos dias.
Gleisi, que era uma das principais apostas do PT para a disputa nos Estados, permanece estacionada nos 10%.
Na última semana, a candidata intensificou a agenda pelo interior do Estado, onde ainda é pouco conhecida e aumentou as críticas a Richa e Requião. Seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, tirou licença por alguns dias para articular a campanha com prefeitos.
O diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, também saiu de férias e tem percorrido a região oeste para a petista. A rejeição da ex-ministra da Casa Civil é de 20% –menos que Requião (25%), mas mais que Richa (18%).
5) Na corrida ao Senado, Alvaro reina
Nenhum candidato conseguiu fazer frente à liderança de Alvaro Dias (PSDB) até agora.
O tucano, senador há 15 anos pelo Paraná, segue absoluto na liderança, com 59% das intenções de voto.
Até os indecisos (18%) e brancos/nulos (9%) são maiores do que a intenção de voto dos demais candidatos. Ricardo Gomyde (PC do B), da chapa de Gleisi, e Marcelo Almeida (PMDB), de Requião, têm apenas 6%.
Não por acaso, ambos elevaram o tom contra Alvaro nesta semana, dizendo que ele precisa se aposentar e comparando-o a Collor e Sarney (ambos há vários mandatos no Senado).
Até o cachorro de estimação de Alvaro, o bichon frisé Hugo Henrique (que apareceu no programa eleitoral do tucano na semana passada), entrou na dança: "Hugo Henrique não me representa", afirmou a propaganda de Gomyde.
6) Deputado? Não sei
A maioria esmagadora dos eleitores do Paraná ainda não sabe em quem votar para deputado estadual ou federal. A indefinição chega a 73% no caso da Câmara, e 69% para a Assembleia. Sinal de que a decisão deve ficar mesmo para a última hora.
-
A pesquisa Datafolha foi feita entre os dias 17 e 18 de setembro, com 1.256 eleitores em 46 municípios do Paraná. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob os números PR-00035/2014 e BR-00665/2014.