Folha de S. Paulo


Marina não vai mudar CLT para tirar benefícios, diz economista do PSB

O economista José Antonio Sant'ana, um dos colaboradores da campanha de Marina Silva, afirmou que não está nos planos da candidata mudar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para tirar benefício dos trabalhadores.

"Não há nada de mudança na CLT. Ninguém nunca falou em acabar com 13º, férias, abono. Isso deve ter saído de algum marqueteiro", afirmou Sant'ana nesta quinta-feira (18). Ele participou de debate no Corecon (Conselho Regional de Economia) de Brasília, como representante do PSB.

"Não se muda absolutamente nada na CLT no sentido de retirar benefícios de trabalhadores."

Segundo o economista, uma das propostas é ampliar a proteção a setores em que os trabalhadores estão mais desprotegidos.

O programa de governo de Marina cita, por exemplo, a necessidade de fazer "alguns ajustes, obviamente assegurando que os direitos sejam não só preservados como ampliados".

Na terça-feira (16), a candidata disse que defende uma "atualização" e não uma "flexibilização" da lei trabalhista.

"É um debate que está sendo feito há muito tempo pela sociedade brasileira, que busca uma atualização das regras trabalhistas que sejam compatíveis com a necessidade dos trabalhadores e empregadores. Estamos fazendo um esforço para dar uma resposta, mas ainda não a temos", disse a pessebista na ocasião.

"HERANÇA MALDITA"

O representante do PSB falou ainda sobre a proposta de implantar um conselho de responsabilidade fiscal, inspirado na entidade norte-americana cuja função é avaliar as metas fiscais e a qualidade dos gastos públicos.

Também defendeu regras claras para o reajuste de preços administrados, como da gasolina, e a redução da indexação da economia.

Disse ainda que os programas atuais de incentivos e de proteção à indústria precisam estar discriminados no Orçamento, com prazo de início e fim, passando por avaliação periódica de resultados.

Sant'ana afirmou que a política de incentivo ao crédito por meio dos bancos públicos, sem que o governo repasse às instituições o dinheiro para cobrir a diferença entre os juros de mercado e as taxas subsidiadas, vai gerar novos esqueletos para o próximo governo.

"Vamos ter uma nova herança maldita", afirmou. "O BNDES é uma caixa preta que não responde a ninguém. Qual o valor subsídio que nós, pagadores de impostos, estamos repassando às empresas nacionais?"

O economista chegou a defender a tributação de heranças e doações, mas afirmou que essa é uma posição pessoal e não da candidata Marina.

O debate do Corecon contou ainda com participação de economistas do PSOL, PSDB e PSC. O PT não enviou representante ao evento.


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