Com exceção do ano em que a crise global aportou no Brasil, em 2009, a última vez que a inflação fechou no centro da meta fixada pelo governo foi em 2007: 4,46%.
Desde então, a alta do custo de vida medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou os anos acima de 5,5% e deve terminar 2014 além dos 6%.
Com esse ritmo de aumento um produto dobra de preço em pouco mais de dez anos.
Para debelar o problema, o Banco Central elevou a taxa de juros de 7,25% para 11% ao ano e tenta conter a cotação do dólar, contando com a contribuição de produtos importados mais baratos. Mas a inflação é resistente.
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O governante que assumir a Presidência da República encontrará uma economia com inflação estacionada em patamar elevado e com uma agenda de reajustes relevantes no horizonte.
Será tarefa árdua domar essa ameaça e, ao mesmo tempo, retirar a economia do marasmo. O remédio pode incluir, na prática, medidas nada populares para serem anunciadas em tempos de conquista do voto do eleitor.
Economistas esperam que, em 2015, os preços de produtos e tarifas controlados pelo governo tenham seu maior reajuste em dez anos: 7%.
Desde o ano passado, para evitar uma pressão ainda maior na inflação, o governo buscou segurar os preços que consegue administrar ou influenciar, como a gasolina, a energia elétrica e as passagens de ônibus em capitais.
Também deu desonerações de impostos que evitaram remarcações, como foi o caso do IPI para o automóvel.
Mas isso fragilizou empresas como a Petrobras (afetada pelo preço da gasolina), provocou distorções (como a crise dos produtores de etanol) e deve levar a correções consideradas inevitáveis. A sombra desses reajustes já afeta investimentos.
Para que esses produtos subam e a inflação não dispare, economistas contam com que outros preços caiam. A cartilha econômica para essa equação prevê um aperto na atividade –ou ajuste, como dizem os economistas. Ele pode incluir a elevação da taxa básica de juros e um aumento do desemprego.
Os candidatos de oposição são defensores dessa arrumação dos preços e afirmam que o ajuste pode durar pouco tempo, como em 2003 –os juros foram a 26,5%, mas ao fim do ano tinham voltado a 17%.
No discurso da presidente Dilma Rousseff (PT), o caminho é o da correção gradual dos preços, apesar das críticas de que essa estratégia não vem dando certo.
De uma maneira ou de outra, economistas avaliam que o presidente eleito deve devolver a capacidade de prever a inflação a investidores, consumidores e empresas.
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PROPOSTAS
DILMA ROUSSEFF (PT)
* Promete combater a inflação e mantê-la dentro da meta oficial, usando o limite superior para evitar sacrifícios à economia
e aumento do desemprego
- A meta de 4,5% poderá ser alcançada em 2016, segundo projeção do Banco Central
- Considera suficiente o grau de autonomia assegurado informalmente ao BC hoje
MARINA SILVA (PSB)
- Promete reaproximar a inflação do centro da meta fixada pelo governo, de 4,5%
- Corrigir os preços represados, definindo regras claras para os reajustes quando não existirem
- Uma lei garantirá autonomia ao Banco Central para combater a inflação, fixando os mandatos de seus dirigentes e definindo critérios para sua destituição
ÁECIO NEVES (PSDB)
- Também fala em fazer a inflação voltar para o centro da meta e promete reduzi-la gradualmente em seu governo
- Promete fim do represamento de preços de gasolina, energia e tarifas de transporte público
- Defende a autonomia operacional do Banco Central, sem se comprometer com uma lei como a proposta por Marina
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