Folha de S. Paulo


Economia precisa de aval do povo, diz Dilma em debate

Num debate quase sem confronto direto entre os principais candidatos, promovido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na noite desta terça-feira (16), Dilma Rousseff (PT) alfinetou Marina Silva (PSB), ainda que sem citá-la, ao afirmar que "a política econômica é algo que tem que ser debatido e legitimado pelo voto".

Marina defende a independência, garantida em lei, do Banco Central, ideia taxada nesta terça de "equívoco" pela petista. "Eu sou a favor da autonomia, que o Banco Central seja livre para perseguir as metas de inflação. Mas não independente a ponto de seus diretores não poderem ser demitidos", disse.

As regras do debate, aceitas pelos candidatos, praticamente não permitiram a interação entre os candidatos. Somente no penúltimo bloco houve troca de acusações.

Marlene Bergamo/Folhapress
Os candidatos Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB), e Dilma Rousseff (PT) durante debate promovido pela CNBB em Aparecida (SP)
Os candidatos Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB), e Dilma Rousseff (PT) durante debate promovido pela CNBB em Aparecida (SP)

Ao fazer uma pergunta ao candidato Pastor Everaldo (PSC), Aécio Neves (PSDB) disse que o atual governo permitiu um "vale tudo" na Petrobras, numa referência a recentes acusações de corrupção envolvendo a estatal, como as suspeitas de desvios que levaram à prisão do ex-diretor Paulo Roberto Costa.

"Não é possível que o Brasil continue a ser administrado com tanto descompromisso com a ética, com a decência, com os valores cristãos]".

Dilma, ao ganhar direito de resposta, disse que na vida sempre teve "tolerância zero" com a corrupção.

Em outro momento, a candidata do PSOL, Luciana Genro, acusou o PSDB de Aécio de ser o precursor de práticas de corrupção.

Ela também citou a revelação, feita pela Folha, segundo a qual, quando governador de Minas, Aécio mandou construir um aeroporto na terra de um tio, depois desapropriada pelo Estado.

"O senhor é tão fanático das privatizações que consegue privatizar um aeroporto e entregar para sua própria família, e tão fanático da corrupção que consegue utilizar dinheiro público para construir um aeroporto beneficiando exclusivamente a sua família."

Aécio, ao ganhar direito de resposta, chamou as acusações de irresponsáveis e levianas.

Editoria de Arte/Folhapress

Temas caros à igreja foram discutidos, mas de forma lateral. Questionado por um jornalista, Aécio voltou a repetir que a homofobia deve ser tratada como crime. Dilma e marina, por conta do sorteio, não tiveram de responder sobre.

Coube a Eduardo Jorge, do PV, falar sobre o aborto, um dos temas que mais causou polêmica nas eleições de 2010. Ele defendeu a revogação da lei que criminaliza a prática, taxa por ele de "cruel e machista". Os outros candidatos não foram instados a responder sobre o tema.

Dilma voltou a alfinetar Marina ao dizer que "quando os partidos não existem, poderosos mandam por trás das cenas e é o caminho para a ditadura, com restrições das liberdades".

Marina prega o fim da polarização entre PT e PSDB e o surgimento do que chama de nova política'. O debate foi transmitido pela TV Aparecida e teve retransmissão do UOL e da Folha.


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